Cientistas encontraram, nas profundezas da Austrália, pedaços da crosta primordial da Terra, compostos de sedimentos com cerca de 4,5 bilhões de anos. A descoberta não só revela à ciência segredos da crosta terrestre mais antiga já vista, jogando o recorde alguns milhões de anos para trás, mas também ajuda na busca pelo verdadeiro início da formação da Terra.

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O achado foi feito nos arredores de Collie, cidade australiana localizada em uma das regiões mais ativas na mineração de carvão na parte ocidental do país. Como os sedimentos estão a mais de 1.000 km de Murchison, onde rochas ancestrais também já foram encontradas, revelou-se que as partes antigas da crosta abrangem uma área muito maior do que os pesquisadores acreditavam.

Crosta primordial da Terra

Em comparação com outras camadas geológicas, a crosta terrestre é bastante fina, mas não menos importante. Ela dá suporte aos continentes e a várias regiões das plataformas continentais, sendo essencial para a sobrevivência dos ecossistemas do planeta ao manter recursos como a água em seus devidos lugares.


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Esquema do local onde cristais de zirconita foram encontrados para o estudo da crosta terrestre primordial na Austrália (Imagem: Kirkland et al./Communications earth & environment)
Esquema do local onde cristais de zirconita foram encontrados para o estudo da crosta terrestre primordial na Austrália (Imagem: Kirkland et al./Communications earth & environment)

A crosta primordial — ou seja, a primeira da Terra — jaz nas profundezas do solo, transformada em sedimentos ou alterada quimicamente ao longo das eras. Sobra pouco para os geólogos estudarem diretamente, então métodos indiretos acabam sendo mais eficientes. Uma pesquisa recente, publicada na revista científica Nature Communications earth & environment, avaliou a crosta através desses métodos.

Os cientistas da Universidade Curtin, então, responsáveis pela pesquisa, levaram à superfície minerais profundos por meio de diques, estruturas geológicas de magma que se estendem desde o manto do planeta a até 50 km de profundidade, comparados a dedos escuros no formato. Com isso, foi possível fazer análises em cristais de zirconita, mineral muito resistente a alterações físicas e químicas.

A zirconita guarda restos de urânio, cujo decaimento é constante, ou seja, lentamente vai se tornando chumbo a uma taxa fixa. Ao observar quanto chumbo há nas zirconitas em comparação com o urânio, é possível saber quando o mineral cristalizou.

Os cristais de zirconita dentro da
Os cristais de zirconita dentro da “armadura” de titanina — abaixo, o material é comparado com a espessura de um fio de cabelo humano (Imagem: Kirkland et al./Communications earth & environment)

Durante sua permanência nos diques, muitos dos cristais perderam as características que permitem os cientistas os estudarem, mas uma boa parte ficou preservada dentro do mineral titanita.

Com isso, foi possível descobrir a idade desses fragmentos da crosta primordial: 3,44 bilhões de anos. Os diques em si também foram estudados, mostrando uma idade de 1,4 bilhão de anos. Anteriormente, a área mais antiga da crosta havia sido encontrada em Narryer, na Austrália, região distante de Collie, o que amplia a região primordial preservada identificada pela ciência.

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