Talão de cheques (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Talão de cheques (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) mostram que o uso de cheque caiu 95% desde 1995, quando a série histórica teve início. O Pix é um dos maiores responsáveis por essa queda. Apesar disso, a quantidade de cheques emitidos continua expressiva. Foram 168,7 milhões de folhas compensadas só em 2023.

Embora o número de cheques compensados em 2023 seja elevado, essa é a menor quantidade já registrada em um ano. Em 2022 foram 203 milhões de cheques. Em 2021, cerca de 220 milhões. A verdade é que esse número diminui ano a ano.

A queda na emissão de cheques se acentuou nos últimos anos em razão do crescimento do uso de meios eletrônicos para transações financeiras, especialmente o Pix, modalidade lançada em 2020. A própria Febraban reconhece esse cenário:

A pandemia estimulou o uso dos canais digitais dos bancos e, hoje, quase oito em cada dez transações bancárias realizadas no Brasil são feitas em canais digitais, como o mobile banking e internet banking (77%). Soma-se a isso a preferência dos brasileiros pelo Pix, que vem se consolidando como o principal meio de pagamento utilizado no país.

Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban

As razões para a preferência pelo Pix são um tanto óbvias. Entre elas estão a ausência de custos para transações realizadas por pessoas físicas, a efetivação quase imediata de cada operação, a possibilidade de realizar transferências 24 horas por dia e aos finais de semana (ainda que existam restrições de segurança) e o acesso a partir do celular.

O Pix é um dos responsáveis pelo declínio do cheque (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
O Pix é um dos responsáveis pelo declínio do cheque (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Cheque não tem previsão para ser descontinuado

Walter Faria explica que a tendência é a de que o uso de cheques continue caindo ano após ano. Apesar disso, os bancos não têm uma previsão sobre quando a modalidade será descontinuada.

Em entrevista ao Tecnoblog em 2022, o próprio Faria relatou alguns fatores que explicam a “sobrevivência” do cheque, como o costume de pessoas com mais idade a essa modalidade e a cultura de uso de cheques em transações de alto valor, para aquisição de carros ou imóveis, por exemplo.

De 3,3 bilhões para 168,7 milhões de cheques

A tabela mais abaixo, baseada em dados do Serviço de Compensação de Cheques (Compe), revela que 3,3 bilhões de cheques foram compensados em 1995, quando a modalidade passou a ser acompanhada de perto pelos bancos brasileiros. As 168,7 milhões de unidades compensadas em 2023 representam uma queda de 95% em relação ao ano de estreia da série histórica.

Obviamente, essa diferença é refletida no volume de dinheiro movimentado com cheques nesses dois anos. Foram R$ 2 trilhões em 1995 contra R$ 610,2 bilhões em 2023.

O ticket médio, por outro lado, tem aumentado, evidenciando o uso de cheques para transações de alto valor. Esse parâmetro ficou em R$ 613,70 em 1995, R$ 3.257,88 em 2022 e R$ 3.617,60 em 2023.

Ainda de acordo com a Febraban, 13,6 milhões de cheques sem fundos foram devolvidos em 2023.

Ano Cheques compensados Variação desde 1995
1995 3.334.224.724
1996 3.158.118.845 -5,28%
1997 2.943.837.133 -11,71%
1998 2.748.906.075 -17,55%
1999 2.602.863.723 -21,93%
2000 2.637.492.836 -20,90%
2001 2.600.298.561 -22,01%
2002 2.397.295.279 -28,10%
2003 2.246.428.302 -32,63%
2004 2.106.501.724 -36,82%
2005 1.940.344.627 -41,81%
2006 1.709.352.834 -48,73%
2007 1.533.452.222 -54,01%
2008 1.396.544.544 -58,11%
2009 1.234.971.610 -62,96%
2010 1.120.364.198 -66,40%
2011 1.012.774.771 -69,62%
2012 914.214.328 -72,58%
2013 838.178.679 -74,86%
2014 755.816.648 -77,33%
2015 672.014.638 -79,84%
2016 576.404.408 -82,71%
2017 494.055.868 -85,18%
2018 436.204.425 -86,92%
2019 384.278.195 -88,47%
2020 287.196.448 -91,39%
2021 218.944.650 -93,43%
2022 202.848.320 -93,91%
2023 168.693.980 -94,99%

Com Pix, uso de cheque cai 95% no Brasil, mas modalidade resiste