Resumo
- A TCL planeja alinhar o portfólio brasileiro ao internacional, mas enfrenta desafios na demanda e produção local.
- A empresa expandiu sua linha de produtos no Brasil com aparelhos de ar-condicionado, geladeiras e máquinas de lavar.
- A TCL destaca a colaboração com o Google no Android TV e Google TV como um diferencial dos produtos atuais.
Alinhar o portfólio do Brasil ao que é oferecido no restante do mundo é a grande meta da TCL para os próximos anos. A empresa considera que as TVs disponíveis no mercado nacional fazem sucesso, entre outros fatores, por causa dos sistemas operacionais do Google e aposta na inteligência artificial para conquistar mais público. Além disso, a marca quer mais espaço para seus smartphones e tablets.
O Tecnoblog conversou com Daniel Sun, CTO da TCL Industries, e Níkolas Corbacho, gerente de produtos da TCL Semp, sobre as estratégias globais e locais da companhia.
A TCL Semp conta com fábricas em Manaus (AM). Trazer mais opções para o mercado local a preços competitivos, porém, não é tão simples. Corbacho afirma que é necessário um volume mínimo para justificar a produção — caso contrário, não compensa.
O gerente usa a TV X955 de 115 polegadas como exemplo: importada, ela foi lançada em outubro de 2024, com preço sugerido de R$ 160 mil. “Se fosse um produto fabricado no Brasil, ela com certeza teria um preço muito menor, porque você tem incentivos [fiscais] para fabricação local”, explica.
A decisão de fabricar o produto no Brasil não depende só da vontade da TCL. “Você precisa ter uma escala mínima para colocar na fábrica. A gente fabrica milhões de TVs por ano, então, para colocar qualquer produto, ele tem que entrar desse ritmo de produção. Obviamente, você não vai fabricar milhões [de TVs] de 115 polegadas”, comenta Corbacho.
Smartphones, tablets e linha branca
A TCL passou, nos últimos anos, a vender aparelhos de ar-condicionado, geladeiras e máquinas de lavar roupa por aqui. Corbacho comenta que estes produtos vêm tendo boa aceitação. Por outro lado, os smartphones e tablets da marca, presentes há algum tempo no mercado nacional e beneficiados pela fabricação local, parecem ter pouco apelo.
Para conseguir vender mais, a TCL acredita que é necessário que seus smartphones e tablets estejam disponíveis em mais pontos de venda, já que 55% das vendas ocorrem em lojas físicas.
“Vamos expandir mais a distribuição, [para] o produto estar disponível em mais varejistas. No comércio eletrônico, na internet, você consegue achar uma variedade maior, mas quando você vai para loja, você tem uma limitação física, um expositor com quatro, cinco concorrentes”, avalia o gerente.
A parceria com o Google
A TCL se apresenta como uma das duas marcas mais vendidas de TV no Brasil. Corbacho credita parte deste sucesso ao Android TV e ao Google TV, principalmente pela popularidade do Android entre os clientes brasileiros — o sistema está presente em mais de 90% dos celulares vendidos.
“O Android é um sistema operacional com o qual o consumidor já está familiarizado. Você vai para a TV e consegue colocar isso de uma forma muito similar”, comenta o gerente de produtos, que também cita o acesso a serviços do Google e à loja de apps como diferenciais positivos.
O Google teve um espaço especial durante o keynote da TCL na CES 2025, feira de tecnologia que aconteceu em Las Vegas no começo de janeiro. A gigante das buscas deu detalhes de como a inteligência artificial do Gemini vai funcionar com o Google TV: ela entenderá comandos de voz mais complexos e realizará mais tarefas, além de se integrar melhor com aparelhos smart.
O Google e a TCL não foram os únicos a mostrar novidades neste campo: Samsung e LG anunciaram integrações com o Microsoft Copilot, por exemplo.
IA no futuro das TVs
Daniel Sun, CTO da TCL Industries, é um dos entusiastas destas tecnologias. Em conversa com o Tecnoblog, ele prevê que os problemas do reconhecimento de voz tendem a diminuir com o uso dos modelos de linguagem de larga escala (LLMs), que estão na base das inovações de IA dos últimos anos.
Sun também vê positivamente a chegada dos agentes de IA, como são conhecidos os modelos capazes de realizar diversas tarefas. “O agente de IA é parecido com um humano. Ele consegue entender o ambiente, tomar decisões e executar ações. Softwares tradicionais não funcionam assim. A IA começou a entender o que você quer.”
No entanto, o executivo avalia que, com a chegada de assistentes capazes de entender o que está acontecendo e o que deve ser feito, será necessário repensar a lógica dos aplicativos.
“Futuramente, a IA vai entender a situação e as intenções de um jeito muito melhor, podendo se comportar e satisfazer o que o usuário quer. Hoje, você tem uma smart TV e um smartphone, mas eles não tão smart assim. Você precisa baixar vários aplicativos para que [estes aparelhos] sejam inteligentes”, analisa.
Em vários momentos da conversa, Sun diz, em tom de brincadeira, que os humanos são arrogantes e não deixam as máquinas tomarem as decisões por eles. Mesmo assim, ele entende que a promessa de criar uma TV sem controle remoto, controlada apenas por voz, não será possível tão cedo — e nem seria tão aceita pelos consumidores.
“Nós observamos que os mais jovens são curiosos e gostam de testar coisas novas, mas alguns consumidores são mais conservadores. Algumas pessoas querem ter um controle físico para as coisas”, pondera Sun. “Acho que a tecnologia deve ter tolerância e paciência. Ela deve respeitar os indivíduos, porque as necessidades variam muito. Você precisa oferecer uma experiência de usuário equilibrada, que não seja intrusiva, mas que sirva ao propósito de ser mais conveniente.”
O jornalista viajou a Las Vegas (EUA) a convite da TCL
TCL sonha com mais produtos no Brasil; entenda os desafios
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