Aparelho de fax Panasonic KX-F90
Você acredita que ainda usam Fax até hoje? (Imagem: Pittigrilli/Wikimedia Commons)

Diversas tecnologias ficam ultrapassadas, mas alguns padrões antigos com alternativas mais modernas continuam sendo utilizadas por algumas pessoas, setores ou governos. Seja por teimosia, segurança ou nostalgia, o ser humano é incapaz de abandonar alguns recursos do passado. Confira abaixo cinco diferentes tecnologias que já poderiam ter ficado na história mas continuam vivas.

O vinil voltou à moda

Os primeiros discos de vinil surgiram em 1948, mas a antiga mídia física tem voltado ao gosto das pessoas. De forma racional, é muito esquisito pensar que as pessoas voltaram a consumir LPs em uma época com serviços de streaming de música, que permitem tocar qualquer música em um aparelho diminuto como um smartphone.

Disco de vinil em tocador. A foto mostra o álbum "How To Be A Human Being", da banda Glass Animals
Disco de vinil ressurgiu mesmo na época dos serviços de streaming (Imagem: Lucas Braga/Tecnoblog)

Além de ter um viés nostálgico e exigir um ritual próprio, a preferência pelo vinil nos dias de hoje está ligada com o desejo de criar uma coleção própria de álbuns. Os artistas também utilizam os LPs como forma de oferecer uma experiência mais próxima para os fãs. Alguns preciosistas gostam do formato analógico pela qualidade sonora.

As vendas de vinil foram tão significativas que o Reino Unido voltou a considerar esse tipo de mídia para compor a cesta de inflação nacional.

No Brasil, a alta no consumo de vinis puxaram as receitas de vendas físicas do setor fonográfico, com alta de 136,2% em 2023 e faturamento de R$ 11 milhões — superando os CDs.

Ainda tem lugares que usam fax no dia a dia

O primeiro aparelho de fax conectado foi inventado em 1964, pela Xerox. O equipamento se conectava a uma linha telefônica para se comunicar com outro aparelho similar e transmitir a cópia de um documento à distância.

Mesmo com internet, smartphones, e inteligência artificial existindo nos dias de hoje, considero o fax como uma tecnologia incrível — e, certamente, muito à frente do seu tempo. É quase um teletransporte: você coloca um documento e sai uma cópia idêntica do outro lado, tudo por uma ligação telefônica. Parece mágico.

Aparelho de fax Samsung SF-370
Fax: parece moderno até hoje (Imagem: Pittigrilli/Wikimedia Commons)

No Brasil, o fax foi muito adotado por empresas, mas não caiu tanto nas graças de pessoas físicas devido ao custo do equipamento. Por esse motivo, era comum encontrar papelarias e outros estabelecimentos comerciais que “vendiam” a transmissão de fax.

No caso do Brasil, a transição para opções digitais, como e-mail, sites ou WhatsApp foi natural. No entanto, o fax continua sendo amplamente utilizado em alguns países, seja por questões culturais ou por segurança.

O Reino Unido, por exemplo, permanece com alta dependência do fax para transmissões de documentos médicos, e o método é considerado crucial para preservar a confidencialidade. O método também é utilizado por vários setores na Alemanha, Japão e Estados Unidos.

O disquete ainda vive

Até o começo dos anos 2000, o uso de disquetes era tão comum quanto a nuvem nos dias de hoje. Era uma forma fácil de transportar arquivos entre diferentes computadores, desde que o que você precisasse guardar tivesse menos de 1.44 MB (sim, menos de dois megabytes).

Disquetes de 3,5 polegadas (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Disquetes de 3,5 polegadas (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Os floppy disks tiveram três versões, cada uma com tamanho diferente; o modelo mais popular tinha 3 polegadas e meia. Por dentro do quadrado de plástico tinha um disco magnético, com funcionamento similar ao de um HD.

Uma das vantagens do disquete era o preço relativamente baixo por unidade, de forma que o método de armazenamento se tornava “descartável” e ideal para fazer entregas de arquivos — por um bom tempo, era assim que se entregavam declarações de imposto de renda, por exemplo.

O uso do disquete diminuiu e se tornou escasso com a evolução das tecnologias, passando pelo CD (que cabia até 700 MB), DVD (até 4,7 GB), pendrives e serviços de armazenamento na nuvem. No entanto, alguns equipamentos antigos ainda dependem desse tipo de mídia para funcionar, como aeronaves antigas, equipamentos médicos e máquinas industriais.

Somente em janeiro de 2024 que o governo do Japão decidiu extinguir o uso de disquetes para entregas de documentos oficiais. Até então, o país, considerado por muitos como um dos mais modernos do mundo, exigia dos disquetes, CDs ou MiniDiscs para algumas entregas de documentos.

E não é só no Japão: a marinha da Alemanha ainda depende de disquetes de 8 polegadas para o funcionamento de fragatas que combatem submarinos inimigos. As embarcações são datadas de 1990, e só agora o governo alemão busca por uma alternativa de armazenamento removível.

Disquetes de diversos tamanhos: 8 polegadas, 6 polegadas e 3,5 polegadas
Alguns sistemas antigos ainda dependem de disquetes (Imagem: Kevin Savetz/Wikimedia Commons)

Mesmo que você nunca tenha efetivamente utilizado, o disquete continua existindo no seu dia a dia: ainda é o símbolo que representa a opção de “Salvar” em diversos sistemas.

A busca pelos videogames dos anos 80 e 90

Temos diversos consoles recentes e diversos jogos modernos disponíveis nos PCs, mas diversos gamers continuam com o coração no passado. O movimento de retro games conquista cada vez mais o público carente da nostalgia de videogames antigos.

Nintendo 64 com o jogo Super Smash Bros ligado a uma TV de tubo
Nintendo 64 e outros consoles antigos continuam em alta entre os retrogamers (Imagem: Frédéric Bisson/Wikimedia Commons)

A busca por consoles antigos vai desde modelos mais antigos, como Atari, mas se populariza com videogames da década de 90, como Sega Master System, Nintendo Entertainment System (NES), Sega Mega Drive, Super Nintendo, GameBoy e Nintendo 64.

Atualmente, encontrar um desses consoles e seus cartuchos em bom estado não é uma tarefa muito fácil ou barata. Como alternativa, diversos games acabam buscando consoles de emuladores portáteis, capazes de rodar diferentes plataformas.

Emulador Dolphin funcionando no Steam Deck (Imagem: Reprodução/Twitter @Dolphin_Emu)
Emulador Dolphin funcionando no Steam Deck (Imagem: Reprodução/Twitter @Dolphin_Emu)

Carta e telegrama: a garantia de comunicação

A carta é um método de comunicação que jamais deve parar de existir, mas está cada vez mais ficando no passado. Dificilmente você encontrará cartas entre pessoas físicas, uma vez que é muito mais fácil, rápido e barato enviar um e-mail ou WhatsApp.

Pessoa entregando carta para funcionária em balcão de agência dos Correios (Imagem: Divulgação/Correios)
Cartas ainda são úteis como documentos (Imagem: Divulgação/Correios)

No entanto, a carta continua sendo um documento muito importante para comunicações especiais, especialmente quando enviada de forma registrada ou com aviso de recebimento (AR).

Alguns serviços online ainda utilizam correspondências como forma de confirmação de endereço — é o caso do Google, que envia um PIN numérico para validar a propriedade na plataforma Meu Negócio.

O mesmo também é válido para telegramas, que estão cada vez mais raros. Anteriormente o método era utilizado para comunicações urgentes, uma vez que a mensagem chegava no endereço em algumas horas. Hoje, algumas empresas e entidades ainda utilizam o recurso pelo caráter documental.

Com informações: Faxination, Bloomberg Línea, Pro-Musica, Tom’s Hardware

Passou fax? Esta e outras tecnologias do passado continuam vivas