Desde que foi revelado o débito de R$ 20 bilhões da Americanas, um dos questionamentos debatidos nas conversas sobre o caso é: a varejista vai ou não se salvar? No Brasil, temos exemplos positivos e negativos para comparar com a situação da empresa. A recuperação judicial da Ricardo Eletro é o mais próximo do caso da Americanas no momento por se tratar do segmento de varejo.

Americanas
Americanas (Imagem: Divulgação/Americanas)

Odebrecht, Oi e Samarco são os maiores casos do Brasil, mas nenhuma delas envolve uma empresa do ramo de varejo. Por isso, a Americanas pode usar a sua concorrente mineira como modelo para sair da crise — mesmo que a sua dívida seja dez vezes maior que os débitos da Ricardo Eletro.

Ordem na casa e prioridade no que dá lucro

Como comentado na notícia sobre o pedido de recuperação judicial da Americanas, o instrumento é uma forma da empresa “arrumar a casa”, com as cobranças das dívidas sendo suspensas para que ela possa renegociá-las e apresentar um plano para recuperar a eficiência da gestão.

A Ricardo Eletro, durante a sua recuperação judicial, iniciada em 2020, fechou todas as lojas físicas e continuou operando somente no e-commerce. Como esperado em uma situação dessa, 3.600 funcionários foram demitidos.

O varejo é um setor arriscado, ainda mais quando você atende tanto o ambiente físico como o digital. Logo, focar no comércio online, assim como fez a Ricardo Eletro, é um caminho muito possível para a Americanas — e trágico para os empregados das lojas.

O e-commerce possui um custo operacional menor que o espaço físico. De acordo com a Americanas, ela mantém mais de 1.700 lojas em todo o Brasil.

App da Americanas na tela do celular (Imagem: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)
App da Americanas na tela do celular (Imagem: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)

Recentemente, a Ricardo Eletro relançou a sua plataforma de marketplace. Depois de reverter três declarações de falência, a varejista de Minas Gerais parece estar no caminho para se recuperar financeiramente. Um exemplo é que o portfólio e-commerce saltou de 3.000 produtos para 10.000 itens.

A Ricardo Eletro ainda anunciou que abrirá, em fevereiro, duas lojas físicas no seu estado de origem. A varejista ainda está atrás de mais crédito para lançar outros três espaços, também em Minas Gerais.

Mesmo que os custos de operação sejam maiores do que o e-commerce, as lojas físicas visam atender o público que não realizam as compras onlines.

Credores precisam aprovar a recuperação judicial

A Americanas precisará da aprovação de mais de 50% dos seus credores para seguir com o seu plano de recuperação. Com mais de R$ 40 bilhões em dívidas e mais de 7.900 nomes na lista de credores, é inegável que a situação da varejista carioca é bem mais complicada que a da Ricardo Eletro.

Ame vai oferecer cashback de 10% em compras feitas no Maracanã (Imagem: Divulgação/Americanas S.A.)
Americanas está devendo até para a Ame (Imagem: Divulgação/Americanas S.A.)

Com dívidas de R$ 4 bilhões, sendo que praticamente a metade é com o Santander e Bradesco, 75% dos credores aprovaram o plano de recuperação da Ricardo Eletro. Porém, passados mais de dois anos, o processo ainda não terminou. Todavia, a recuperação judicial parece estar seguindo conforme o planejado.

Em comum com a situação da Ricardo Eletro, os maiores credores da Americanas são os bancos. Somando os maiores valores, a empresa carioca deve R$ 27 bilhões para eles, com a Deutsche Bank cobrando R$ 5,2 bilhões.

O caso da Americanas será mais complicado e bem mais longo. Aqui, a comparação da varejista é com a recuperação judicial da Oi e sua dívida de R$ 65,9 bilhões. O processo foi finalizado após seis anos e a empresa vendeu algumas de suas subsidiárias. A Oi Móvel foi dividida para as concorrentes Tim, Claro e Vivo.

Com informações: InfoMoney

Recuperação da Ricardo Eletro pode indicar próximos passos da Americanas