Poderia Monet ter pintado a poluição do céu de Londres no século 19? Um novo estudo indica que sim. As cores e traços de pinturas impressionistas podem prover conhecimentos sobre as condições atmosféricas pós-revolução industrial, incluindo as emissões de poluentes no ar.
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Um artigo publicado por pesquisadores das universidades de Harvard e de Sorbonne, em Paris, analisa a evolução das pinturas do inglês Joseph Mallord William Turner e do francês Claude Monet. Dois artistas do impressionismo, Turner e Monet produziram um grande número de obras retratando paisagens urbanas no período que coincidiu com um crescimento sem precedentes de poluição atmosférica.

Tanto Monet quanto Turner passaram, ao longo de suas carreiras, a adotar tons mais opacos e linhas mais borradas, o que para os autores do estudo não é apenas uma questão de estilo, como também reflexo das condições atmosféricas observadas na época.
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Anna Lea Albright, que lidera o estudo, diz que “pintores impressionistas foram extremamente sensíveis à mudanças na luz e no ambiente,” justificando uma possível incorporação das transformações atmosféricas em suas artes. O artigo demonstra como grandes quantidades de aerossóis — minúsculas partículas em suspensão na atmosfera — podem influenciar a visão, gerando uma aparência nebulosa e menos contraste na paisagem.

Uma das substâncias cuja concentração mais crescia nos céus de Londres no período era o dióxido de enxofre, proveniente da queima de carvão e que faz parte destes aerossóis. De acordo com as estimativas dos pesquisadores, a presença de enxofre na atmosfera e a adoção de traços mais borrados e tons mais pastéis estão fortemente relacionados. Isso é visto tanto na carreira de Monet quanto na de Turner.
A arte e a ciência
Fred Prata, cientista atmosférico que analisou a meteorologia de O Grito, de Edvard Munch, diz que “arte e ciência estão muito mais correlacionadas do que a maioria das pessoas imagina“. Há quem afirme que este quadro retrate nuvens estratosféricas polares, também chamadas de nuvens iridescentes.

Indo além análises do céu em pinturas, utilizando recursos como tabelas lunares e cálculos geométricos, permitiram a datação exata de quando a obra em questão foi feita. É o caso de Montes de Feno ao Nascer da Lua de Van Gogh, cuja estimativa de ter sido pintada às 21h08 do dia 13 de julho de 1889 é corroborada por cartas do artista a familiares.

Para Albright, as transformações no trabalho de Monet e Turner mostra que as pessoas da época já estavam percebendo e reagindo às mudanças no ar causadas por atividades humanas. “Talvez isso sirva como um paralelo de como os artistas e a sociedade respondem hoje às mudanças sem precedentes que estamos passando,” conclui a cientista.
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