Normalmente, fotos tiradas na Lua ou na Estação Espacial Internacional não mostram estrelas — apenas uma escuridão profunda ocupa o fundo das imagens. A explicação para isso é relativamente simples, mas exige entender um pouco de princípios da fotografia e do comportamento da luz.

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É possível ver estrelas no espaço?

Antes de explicarmos por que não há estrelas em fotos espaciais, vale esclarecer que sim, é possível ver estrelas em meio à escuridão no espaço. Elas apenas não aparecem na maioria das fotografias, mas estão visíveis aos olhos de astronautas — e em quantidade bem maior do que nós vemos aqui na superfície.

Veja este belo registro do astronauta Jack Fischer, que esteve na ISS em 2017. Ele fez questão de postar essa time-lapse para responder às constantes dúvidas de seguidores sobre a possibilidade de ver estrelas na ISS, ou não.


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Cadê as estrelas nas fotos da ISS?

Aqui na Terra, a atmosfera faz com que os raios solares se espalhem e, por isso, durante o dia o céu é azul, claro e colorido. Você pode pensar que, no espaço, como não há atmosfera para espalhar a luz solar, o “céu” é sempre extremamente escuro, mesmo ao meio-dia. E você está certo — até este ponto.

É que o fato de o céu ao redor de um astronauta estar escuro mesmo durante o dia não significa que ele não esteja recebendo luz do Sol. Na verdade, um astronauta olhando pelas janelas da ISS durante o dia recebe muita luz solar diretamente, tanto quanto (ou até mais) do que nós recebemos num dia de verão na superfície.

A luz do Sol ilumina a ISS da mesma forma que faz na Terra (Imagem: NASA)

E é aqui que entram os conhecimentos da fotografia. Imagine que você está dentro de uma casa pouco iluminada, mas em frente a uma janela ensolarada, e deseja fotografar o que está lá fora, recebendo muita luz. Será preciso usar uma exposição rápida e uma abertura bastante estreita na câmera para que o clique seja veloz e certeiro, capturando o que está iluminado além da janela, mas sem deixar essa luz estourar.

E o princípio de fotografar grandes contrastes de luz no espaço é o mesmo, já que acima da Terra a luz solar ilumina tudo tanto quanto o faz aqui embaixo.

Para capturar belas imagens da Terra, da superfície da Lua, da estrutura metálica da ISS ou dos trajes de astronautas durante uma atividade extraveicular, é preciso fazer cliques muito rápidos e com aberturas apertadas, para que uma mínima quantidade de luz atinja os sensores da câmera, só o suficiente para registrar a superfície que refletiu a luz solar — no caso, a Terra, a Lua, a ISS, etc.

Para não estourar a luz refletida no traje do astronauta, é preciso fazer fotos rápidas e com pouca entrada de luz no sensor (Imagem: NASA)

Ok, mas e por que as estrelas não aparecem no fundo da foto, já que se destacam tanto em meio à pretidão do espaço? É que fotografar com exposição muito rápida permite capturar a luz do que está muito brilhante à sua frente, mas seria necessário um tempo maior de exposição do sensor à luz para que ele registrasse objetos brilhantes mais distantes e, portanto, mais fracos.

Ou seja: quando a configuração da câmera é definida para, rapidamente, capturar a luz de objetos muito brilhantes no primeiro plano, não há tempo suficiente para o sensor também registrar a luz de objetos com brilho mais fraco lá no fundo.

Esta foto mostra estrelas ao fundo porque foi tirada com longa exposição, o que deixou a Terra com a luz estourada e meio fora de foco (Imagem: NASA)

E por isso nós vemos fotos com um astronauta “vagando” em meio à escuridão do espaço, sem uma única estrela ao seu redor. Seu traje espacial é branco e, portanto, reflete muita luz solar. Sendo assim, a lógica para que a foto capture a imagem do astronauta sem “estourar” a luz é a mesma.

E na Lua, não tem estrelas?

A explicação acima também vale para as fotos tiradas na Lua, que mostram as paisagens, naves e astronautas com nitidez, em contraste com um céu escuro e sem uma estrela sequer.

O solo lunar é altamente reflexivo, e essa luz refletida exige configurações velozes e estreitas na câmera. Do contrário, a foto vai “estourar” onde houver maior incidência de luz. Contudo, isso impede o sensor de capturar a luz mais fraca e distante das estrelas lá ao fundo.

Foto da Apollo 11 mostrando o pouso humano na Lua e um céu escuro sem uma estrela sequer ao fundo (Imagem: NASA)

Mesmo aqui na Terra, a regra é a mesma: para fotografar estrelas, é preciso combinar longas exposições com aberturas mais amplas. Assim, permite-se a maior entrada possível de luz no sensor, a ponto de ele registrar as estrelas distantes. Só que, se qualquer objeto ou superfície minimamente reflexiva estiver neste mesmo enquadramento, toda a luz refletida será capturada na imagem, parecendo um enorme “borrão” luminoso e indesejado.

E se você achou essa teoria toda um tanto quanto complicada, fica a dica do vídeo abaixo, em que o Mensageiro Sideral se aprofunda mais nesta questão — e ainda exemplifica de maneira prática e visual todos os conceitos aqui explicados!

 

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