Por ano, o Brasil diagnostica 704 mil novos casos de câncer, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Os números nacionais confirmam a alta prevalência da doença, ainda cercada de mitos, medos e tabus. Para contrapor essas angústias, este sábado (4) marca o Dia Mundial de Combate ao Câncer, momento destinado para a conscientização sobre as questões oncológicas.

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Diante das inseguranças que envolvem a doença, muitas perguntas importantes — como principais sintomas, diagnóstico precoce, exames e tratamento do câncer — não são feitas, o que pode desencadear inúmeros danos ao indivíduo. Para desmitificar a condição, a médica Patricia Braga Cavalcanti, oncologista da rede de clínicas AmorSaúde, responde a oito dúvidas recorrentes sobre a doença.

A seguir, confira a nossa lista com oito perguntas e respostas importantes sobre o câncer que, muito provavelmente, você queria fazer, mas não fez:


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1. Quais são os 3 tipos de câncer mais comuns?

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) — o braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas —, os cânceres de pulmão, mama e colorretal (de intestino) são os mais comuns. Por ano, estes três tipos de tumores afetam cerca de 6 milhões de pessoas no mundo.

Cabe destacar que, segundo o Inca, o câncer colorretal é um dos tipos que tem apresentado maior crescimento entre os brasileiros nos últimos anos. Em 2022, foram estimados 45,6 mil novos casos apenas no país.

2. Quais são os tipos de câncer que mais levam os pacientes a óbito?

Câncer de pulmão tem a mais alta de taxa de mortalidade (Imagem: Divinebot/Envato Elements)

Como é de se imaginar, existe uma relação quase direta entre o número de casos diagnosticados por ano e o número de mortes totais pela doença. Conforme os dados da OPAS, os três tipos de câncer que mais levam o paciente ao óbito são: o de pulmão, o colorretal e o de estômago. Por ano, provocam mais de 2,5 milhões de mortes no mundo.

3. Quantos e quais tipos de câncer são conhecidos pela ciência hoje?

São conhecidos pela ciência mais de 200 tipos diferentes de câncer. A variedade é alta, porque as células cancerígenas podem se desenvolver em qualquer parte do corpo. Além dos mais conhecidos, como leucemia (câncer no sangue) e melanoma (câncer de pele), existem alguns realmente incomuns, como o mesotelioma. Este é um tipo de câncer que ocorre entre a parede torácica e o abdômen.

4. Câncer está sempre relacionado com a questão hereditária?

Quando se fala sobre o risco de câncer, é comum relacionar a doença com a questão hereditária. “Ao contrário do senso comum, o câncer é mais frequentemente associado a fatores ambientais — de exposição a determinada situação ao longo da vida — do que a fatores genéticos”, afirma a oncologista Cavalcanti.

“Quando a genética está envolvida, também ao contrário do que o senso comum prega, as causas da doença estão mais associadas ao indivíduo do que a uma mutação genética familiar específica”, complementa a médica.

5. Quais são os principais fatores de risco conhecidos para o câncer?

Hábitos alimentares ruins e sedentarismo são fatores de risco para o câncer (Imagem: Nico Smit/Unsplash)

Como já mencionado, existem inúmeros tipos de câncer e cada um pode ter fatores de risco próprios, mas existem alguns tipos de exposição e comportamentos mais associados com a questão oncológica, como:

  • Exposição solar excessiva, especialmente antes dos 30 anos, envolvendo queimaduras, vermelhidão ou bolhas;
  • Tabagismo;
  • Consumo excessivo de álcool (etilismo);
  • Consumo de gorduras saturadas, embutidos e enlatados;
  • Obesidade;
  • Sedentarismo.

Inclusive, um levantamento da Agência Europeia do Ambiente (AEA) revelou que cerca de 10% dos cânceres registrados entre os europeus estão diretamente relacionados com a exposição à poluição.

6. Dá para pensar em sintomas comuns apresentados por pessoas com diferentes tipos de câncer?

“Os sintomas de um câncer variam conforme o local de aparecimento e do tipo. Como dentro desse termo incluímos doenças muito diversas, seria impossível enquadrá-las juntas”, comenta a médica. Outro ponto é que, nos primeiros estágios, a condição tende a ser assintomática, ou seja, sem os exames de check-up é difícil identificar o tumor.

No entanto, com a progressão e aumento de tamanho do câncer, algumas alterações chamam a atenção e fazem com que as pessoas busquem ajuda, afirma Cavalcanti. A seguir, confira quais são as mais comuns:

  • Perda de peso inexplicável;
  • Vômito com sangue;
  • Evacuações com sangue;
  • Mudança do padrão das evacuações;
  • Sangramento urinário ou na ejaculação;
  • Sangramento menstrual após menopausa;
  • Anemia sem causa aparente;
  • Identificação de caroços ou massas pelo corpo, como mamas, axilas, pescoço ou virilha;
  • Aparecimento de manchas que não existiam antes;
  • Dores que não melhoram, especialmente abdominais.

7. Após o diagnóstico do câncer, o que a pessoa deve fazer?

Após o diagnóstico de câncer, a pessoa deve pedir indicação para o melhor tratamento dentro do seu quadro (Imagem: Bialasiewicz/Envato)

“Com o diagnóstico em mãos, o paciente deve pedir a indicação médica para ser direcionado ao tratamento adequado”, orienta a oncologista. Por exemplo, no estado de São Paulo, existe o programa governamental Rede Hebe Camargo de Combate ao Câncer (Rhccc).

De forma resumida, o paciente diagnosticado deve buscar o auxílio com uma carta de encaminhamento, os exames e o resultado da biópsia. Após análise da Rhccc, o indivíduo será direcionado para consultas e centros de tratamento especializados.

Segundo Cavalcanti, “alguns municípios contam também com programas próprios para direcionamento em alguns casos, como câncer de próstata, de pele, de colo uterino ou de mama”. Por isso, ela recomenda que o paciente sempre confirme com as Unidades básicas de Saúde (UBS) se o seu município participa de algum programa do tipo.

8. Afinal, existe tempo médio para o diagnóstico ser considerado precoce?

Talvez, uma das informações mais compartilhadas pelas campanhas de saúde e médicos seja a questão do diagnóstico precoce. Sim, ele é fundamental para melhorar o prognóstico do paciente, mas não existe um tempo médio para classificar o que seria esse “precoce”. Isso varia de acordo com o tipo e a evolução do tumor. A regra, segundo a médica, é “quanto antes, melhor”. Por isso, os check-ups médicos frequentes são tão importantes.

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