O posicionamento do presidente americano não é uma surpresa. Ele acabou apenas aprofundando o que escreveu para um artigo no The Wall Street Journal no início de janeiro. Na opinião de Biden, as big techs utilizam o seu tamanho para abusar do mercado, não dando espaço para o crescimento de novas concorrentes.
Discurso de Biden contra big techs traz opiniões conhecidas sobre o tema
O posicionamento de Joe Biden sobre as big techs não são inovadores. O presidente americano repetiu críticas já conhecidas de quem acompanha o tema. Para Biden, as big techs precisam de uma regulação que as proíba de coletar dados de crianças e adolescentes, banir anúncios para esses públicos e limitar a quantidade de dados que elas coletam de usuários.
O meio que o presidente enxerga para atingir esse resultado é a união entre Democratas e Republicanos — e é mesmo a única saída. Apesar das diferenças partidárias, a parte sobre o impacto das redes sociais e anúncios para crianças e adolescentes é um tópico que pode ser apoiado pelos rivais do presidente.
Josh Hawley, congressista republicano, e Ed Markey, democrata, propuseram juntos uma lei sobre privacidade de dados e proibição de anúncio para crianças e jovens nas redes sociais. Aqui a Epic Games fica tensa, já que foi processada por violar a privacidade de crianças e jovens.
Biden não usou o termo, mas nas entrelinhas do seu discurso fica claro que ele quer uma legislação de antitruste mais agressiva contra as big techs. “Capitalismo sem competição não é capitalismo, é exploração”, disse o presidente.
Agora para a alegria da Epic Games, que continua na disputa judicial contra a Apple, Biden declarou que as big techs precisam parar com as suas práticas anti-competitivas. Além do caso da Apple e seu “monopólio de plataforma”, o Google foi acusado recentemente de monopolizar o mercado de anúncios.
No artigo para o The Wall Street Journal, Biden disse que as big techs estão tão grandes que elas excluem ou deixam os novos competidores em desvantagem. Ele dá como exemplo o fato de que as novas empresas precisam “pagar caro para vender” nas plataformas existentes — praticamente um oligopólio.
Vão-se os anéis, ficam os dedos — Biden contra TikTok
O discurso de Biden pode evocar um debate (não amigável) sobre as diferenças partidárias entre o atual presidente americano e seu antecessor Donald Trump, derrotado na tentativa de reeleição em 2020.
Mas, com um breve exercício de memória, relembramos que o ex-presidente também teve uma posição crítica às big techs. Por motivos diferentes — Trump fez das redes sociais as suas inimigas por remover conteúdos falsos —, mas indiretamente com os mesmos fins: reduzir o poder das grandes empresas de tecnologia. Para alguns, o ex-presidente tinha um plano de censura.
Talvez a maior semelhança entre Biden e Trump esteja na relação com a China. Ou melhor, com o TikTok. Em junho de 2022, a jornalista Emily Baker-White publicou uma reportagem mostrando que a rede social chinesa acessou dados sensíveis de usuários americanos. Em dezembro, a Forbes publicou que o TikTok monitorou a localização de vários jornalistas.
No mesmo mês, Biden baniu o app de dispositivos do governo. Voltando ao primeiro ano do seu mandato, o presidente americano reverteu o banimento do TikTok e outros aplicativos chineses. A medida da era Trump nunca teve efeito, pois foi derrubada pela suprema corte dos Estados Unidos.
Os casos envolvendo Baker-White, vigilância de jornalistas e o banimento do app nos dispositivos do governo levaram ao questionamento: Biden copiará Trump e tentará banir o TikTok nos Estados Unidos? Na segunda (6), quando perguntado sobre o assunto, ele disse que não tem certeza. Essas cenas ficam para os próximos capítulos — será que teremos muitos?
Com informações: The Verge, Wired e Gizmodo
Joe Biden cobra união partidária para regular big techs em discurso no congresso
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