Desde que o ChatGPT foi liberado, em novembro de 2022, ele é apontado como possível concorrente para os sites de pesquisa. O Google respondeu e anunciou o Bard, seu chatbot com inteligência artificial. A pressa para mostrar qualquer coisa, porém, desagradou funcionários. Internamente, executivos tentam acalmar os ânimos e, agora, dizem que o produto não é um buscador.

Google
Google (Imagem: Mitchell Luo/Unsplash)

As declarações foram dadas na quinta-feira (2), quando os executivos responderam a questões encaminhadas pelo Dory, fórum interno da empresa. Jack Krawczyk, líder de produto do Bard, disse que o produto do Google e o ChatGPT são modelos de linguagem, não de conhecimento. “O Bard não é a busca”, completou.

Krawczyk também explicou que inteligências artificias desse tipo são ótimas em gerar textos que parecem escritos por humanos. O problema são as informações: elas não conseguem checar se os fatos escritos são reais.

Elizabeth Reid, vice-presidente de engenharia de buscas, reforçou as declarações de Krawczyk: “O Bard e a busca são coisas separadas”. Ela lembrou que o Google já integrou modelos de linguagem nos motores de pesquisa, como o Bert e o Mum.

Eles, porém, não funcionam como chatbots — os algoritmos são usados nos bastidores da indexação, para compreender melhor o conteúdo de cada página lista.

Google disse que Bard seria integrado à busca

Por que, então, o Google entrou nessa de querer concorrer com o ChatGPT e o Bing Chat, da Microsoft? Para o líder de produto, simplesmente não dá para impedir que os usuários tentem usar produtos assim como buscadores.

Esta é a primeira vez que a empresa tenta separar o Bard da busca. Desde que o chatbot foi anunciado, os executivos dizem que ele será integrado ao serviço de pesquisa.

Isso começou logo no blog post de lançamento, que dizia: “Estamos trabalhando para trazer esses últimos avanços de IA para nossos produtos, começando com a Busca.”

Problemas e insatisfação interna

Desde então, a ferramenta mostrou problemas. Em um dos exemplos de uso, o Bard dizia que as primeiras imagens de um exoplaneta foram tiradas pelo Telescópio Espacial James Webb.

Essa informação é incorreta: as primeiras imagens de um exoplaneta foram tiradas pelo Very Large Telescope (VLT), em 2004.

O erro custou US$ 100 bilhões em valor de mercado, já que as ações da empresa despencaram quando o erro foi apontado por cientistas.

O Google, então, pediu para os funcionários tirarem um tempinho do expediente para testar o Bard e reescrever respostas incorretas.

Trabalho chato, né? Mas calma, tem prêmio: uma medalhinha no perfil interno da imprensa e a chance de passar feedbacks ao vivo para a equipe da inteligência artificial. Uau, que legal, isso deve resolver!

Os funcionários estão insatisfeitos, e se a intenção era acalmá-los, a reunião de quinta-feira (2) parece não ter ajudado em nada.

Segundo a CNBC, que obteve as informações sobre o encontro, muitos trabalhadores disseram ter ficado ainda mais confusos com as respostas inconsistentes dos executivos.

Bing Chat e ChatGPT também erram

Apresentar informações incorretas não é exclusividade do Bard. O Bing Chat e o ChatGPT fazem isso com certa frequência.

O Bing Chat já insistiu com um usuário que estávamos em 2022 e errou na hora de resumir informações de um relatório financeiro e de dar dicas de viagem.

Já o ChatGPT foi usado pelo site Cnet para escrever artigos de finanças, e ele derrapou feio na hora de fazer contas.

Talvez Krawczyk e Reid estejam mesmo certos. É melhor usar robôs desse tipo para ajudar na hora de escrever. Para obter informações, nada como a boa e velha busca — pelo menos por enquanto.

Com informações: CNBC.

Após erros e insatisfação, Google recua e diz que Bard não é um buscador