Um tipo de solo conhecido como Terras Pretas de Índio (TPI), que ajudou povos nativos a prosperar na Amazônia, pode também ser útil para a preservação do bioma, segundo estudo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).

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As TPI, solo escuro e fértil encontrado na floresta amazônica, não são de origem natural — a população indígena de cerca de 2.000 a 2.500 anos atrás teria pego uma terra pobre em nutrientes e a enriquecido com materiais como carvão, argila, esterco e ossos. O resultado foi o substrato rico em magnésio, zinco, fósforo, cálcio e outros minerais que ocupa as margens dos rios na região e é utilizado para a agricultura dos povos nativos.

Terra Preta de Índio é o nome tradicional do solo escuro e fértil presente na Amazônia (Imagem: Luís Felipe Guandalin Zagatto/Reprodução via Science Alert)
Terra Preta de Índio é o nome tradicional do solo escuro e fértil presente na Amazônia (Imagem: Luís Felipe Guandalin Zagatto/Reprodução via Science Alert)

A ciência, aprendendo com conhecimentos tradicionais, vem fazendo experimentos com esse tipo de solo, com resultados apontando que o material poderia facilitar a recuperação de áreas degradadas ou transformadas em áreas de pastagem. Contudo, Tsai Siu Mui, professora da USP, diz que “As TPI levaram milhares de anos para se acumular e levariam o mesmo tempo para se regenerar se fossem usadas.” Ela sugere, então, que “não sejam utilizadas as próprias TPI, mas copiar suas características, especialmente seus microrganismos, em projetos futuros de restauração ecológica.”


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Os cientistas da USP, em conjunto com pesquisadores de Manaus, experimentaram plantar sementes em três conjuntos de vasos: um com 20% de TPI e 80% de solo convencional; um com 100% de TPI; e outro totalmente ausente da terra escura. Não somente certas espécies cresceram seis vezes mais na presença de TPI, como o solo no final do experimento continha uma diversidade muito maior de microrganismos e mais disponibilidade de nutrientes.

No estudo, a Embaúba foi uma espécie que não se regenerou na ausência de TPI (Imagem: Bernard DUPONT/Wikimedia Commons)
No estudo, a Embaúba foi uma espécie que não se regenerou na ausência de TPI (Imagem: Bernard DUPONT/Wikimedia Commons)

Anderson Santos de Freitas, biólogo molecular que liderou o estudo, explica que “os micróbios transformam partículas do solo em nutrientes que podem ser absorvidos pelas plantas,” por isso sua presença é tão importante para o desenvolvimento vegetal.

O estudo mostrou ainda que certas espécies, como a Embaúba — uma das primeiras a reocupar áreas que foram degradadas — nem é capaz de crescer no solo ausente de TPI. Recorrer a uma técnica milenar pode ser, portanto, uma das chaves para reverter os danos atuais causados por queimadas e desmatamentos.

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