“Você não vai precisar fazer Titanic primeiro para só depois ter acesso aos grandes brinquedos”, disse o cineasta, em referência à própria trajetória.
Cameron participou nesta segunda-feira (22) do Dell Technologies World, evento que a companhia realiza anualmente em Las Vegas (EUA). Ele conversou com Allison Dew, diretora-chefe de marketing e vice-presidente executiva da empresa.
Além disso, o diretor considera que as IAs generativas vão reduzir o tempo e o custo de produzir filmes, graças à sua capacidade de gerar gráficos complexos e facilitar fluxos de trabalho.
Ele recordou os trabalhos para filmar o primeiro título da franquia Avatar, feita com técnicas de captura de movimento — o que não foi fácil.
“O filme estava todo gravado e praticamente pronto, mas era só gente de shortinho preto correndo”, brincou, fazendo piada com trajes especiais exigidos para esse tipo de tecnologia.
Cameron compara as IAs generativas à capacidade sonhar. Para ele, ambas são, cada uma à sua maneira, formas imprevisíveis de processar maneiras absorvidas. Por isso, ele se interessa pelas ferramentas desse tipo, já que se considera uma pessoa de processos “muito visuais”.
A presença de Cameron em um evento de tecnologia pode parecer inusitada, mas tem explicação. A Lightstorm Entertainment, produtora fundada por ele, é parceira da Dell. O diretor é um entusiasta do uso de animação e efeitos visuais no cinema.
“Escrever ficção científica está difícil”, diz Cameron
Um dos primeiros trabalhos de destaque de Cameron é O Exterminador do Futuro — ele é um dos criadores da franquia, em parceria com Gale Anne Hurd, e dirigiu os dois primeiros filmes.
Na obra, a inteligência sintética da tecnologia militar Skynet se torna autoconsciente e decide exterminar a humanidade.
Para Cameron, o trabalho de escritor não tem sido fácil nos últimos tempos. “Está muito difícil escrever ficção científica. Já estamos vivendo em uma.”
Ele não considera que a inteligência artificial seja nociva por si só, mas acha que há riscos. “Toda tecnologia pode ser usada como arma por humanos”, afirma o diretor.
Como solução, ele não menciona proteções tecnológicas ou regulações, mas vai por um caminho diferente.
“O que vai nos salvar é a empatia que temos um pelos outros. Toda tecnologia pode ser usada como uma arma e a única forma de impedir isso é entrar em contato com a nossa empatia”, opina. “Temos que ter a empatia que temos pela nossa família com as pessoas em geral, na África, no mundo todo.”
Salas de cinema vão sobreviver
Após perguntas da plateia, Cameron também deu sua opinião sobre as plataformas de streaming e a concorrência que representam para as salas de cinema.
Para o cineasta, o novo modelo é insustentável. “Os streamings precisam de muito conteúdo novo. Eles não conseguem sobreviver só com conteúdo velho.”
E apesar da comodidade de ver filmes em casa, Cameron acredita que as salas de cinema têm algo a mais. Ou melhor: a menos.
“O que você tem no cinema que você não tem em nenhum outro lugar? Você perde o controle. Não tem como pausar”, comenta o diretor. “Em casa, você pausa, vai ao banheiro, faz um sanduíche. O conteúdo se mistura ao tecido da sua vida cotidiana.”
Para ele, esse é o grande diferencial das salas, e isso muda totalmente a experiência. “No cinema, sua consciência precisa se elevar. Eu acho que a experiência coletiva, de estar um monte de gente no mesmo lugar vendo a mesma coisa, é superestimada. O que nós queremos mesmo é perder o controle”, opina Cameron.
Giovanni Santa Rosa viajou para Las Vegas a convite da Dell.
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