Em entrevista ao Tecnoblog, o vice-presidente de dispositivos móveis no Brasil, Gustavo Assunção, disse que o Z Flip 5 é um “S23 que dobra”. Colar a imagem do dobrável no flagship da empresa indica que a Samsung quer que seus foldables sejam vistos como celulares para o público geral, e não apenas para uma parcela mais entusiasta.
Mas é inegável que há certos empecilhos no caminho dessa desejada massificação. Desempenho e preço são dois dos mais óbvios. No entanto, há ainda um outro ponto mais primordial nessa conversa. Qual é, exatamente, a serventia de um celular dobrável?
Mais maduros, mas ainda falta algo
No Tecnocast 298, discutimos o cenário dos foldables. Uma das conclusões do bate-papo foi que este formato de smartphone está, após anos de produtos um tanto experimentais, alcançando certa maturidade.
O maior tamanho da tela externa do novo Z Flip aponta nessa direção. A modificação confere uma função mais clara ao que, em gerações passadas, era uma tela muito pequena e de pouca utilidade. A promessa da empresa é que apps inteiros poderão rodar dessa maneira.
A concorrente Motorola entregará uma experiência semelhante com o Razr 40 Ultra, o que mostra uma tendência se consolidando. E, com melhoras técnicas se somando a cada geração — o Z Flip 5 tem o mesmo chip do Galaxy S23, por exemplo, e a promessa de maior autonomia —, o formato tenta furar a bolha.
Essas iniciativas das empresas fazem todo sentido do ponto de vista de negócios. O ideal, afinal de contas, é que os produtos lançados tenham um apelo mais amplo. Mas os aprimoramentos não ajudam a responder qual é a razão de ser do smartphone dobrável.
Mesmo mais maduros em relação às gerações anteriores, os novos aparelhos não mostram qual é o problema que o formato veio resolver. Em teoria, um dobrável faz tudo que um smartphone tradicional faz… e os tradicionais tendem a ser mais baratos e ter melhor desempenho.
Por que comprar um, então? Bem, nem toda compra é totalmente racional; o fato de ser um formato diferente de tudo já pode ser atrativo o suficiente para certa fatia do público. No entanto, é difícil ver uma popularização acontecendo a partir unicamente desse apelo estético.
Maturidade é bem-vinda, mas ainda falta o principal: mostrar ao consumidor por que o produto faz sentido.
E o iPhone dobrável?
Com isso, é inevitável pensar no player até o momento ausente deste mercado: a Apple. O histórico de inovações da empresa de Cupertino sugere que, se alguém é capaz de transformar os dobráveis em algo realmente atrativo, e ela.
A Apple não é boba, sabe que um produto dobrável da marca chamaria a atenção. Além disso, cabe destacar que, em meio a uma desaceleração na venda de smartphones, os dobráveis correm por fora e andam vendendo mais. Óbvio que a empresa tem interesse em faturar com isso.
Mas estaria a Maçã preparando um dobrável para chamar de seu? De acordo com analistas, a empresa está olhando nessa direção, e já teria até desenvolvido protótipos. Segundo o analista Ming-Chi Kuo, um iPad dobrável viria primeiro.
Já Thássius Veloso, editor aqui do Tecnoblog, acredita que a aposta da Apple para o formato será um iPhone, e tem até um palpite sobre quando sai (ouça o Tecnocast 298 para descobrir).
A dúvida é: qual diferencial a Apple trará ao segmento? Quando se lança num novo mercado, a Apple costuma trazer algo novo, que faz o usuário bater o olho e pensar: OK, isso faz sentido. Porém, sendo o celular dobrável um produto que se destaca pelo formato, é difícil imaginar quais inovações poderiam ser inseridas.
Talvez a Apple consiga simplesmente ofertar um aparelho dobrável com performance melhor, e isso baste. Os chips da empresa já são um destaque por si só, de modo que seria esperado que um iPhone dobrável superasse os modelos oferecidos por Samsung e Motorola. O diferencial seria apenas o desempenho.
Vamos ter que esperar para ver, naturalmente. Talvez a expectativa de um grande fator distintivo seja exagerada, e a inovação inserida pela Apple seja unicamente o símbolo da maçã estampado no aparelho.
Para que serve um celular dobrável?
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