Apple e Google confirmaram que autoridades podem acessar notificações que foram enviadas para celulares. Para isso, o Google exige uma ordem judicial, enquanto a Apple requer apenas uma intimação.
As informações vieram a público após uma carta do senador dos EUA Ron Wyden. Ele quer que o Departamento de Justiça atualize ou remova políticas que proíbem que empresas informem o público sobre pedidos secretos de governos.
Wyden diz ter recebido uma denúncia de que Apple e Google compartilham notificações “push” com autoridades, mas, ao questionar as empresas, elas alegaram não poder falar sobre isso, devido a uma proibição do governo federal dos EUA.
Apple e Google confirmam solicitações
Apesar de terem se recusado a falar com a equipe do senador, Apple e Google emitiram comunicados públicos comentando a carta.
A Apple confirmou que o governo federal dos EUA a proibiu de compartilhar informações sobre essas solicitações. No entanto, como o método se tornou público, ela vai passar a detalhar estes pedidos em seus relatórios de transparência futuros.
A empresa também atualizou suas diretrizes para processos jurídicos nos EUA. Agora, elas incluem um trecho que diz que registros de notificações push podem ser obtidos com uma intimação ou um processo legal de nível mais alto.
O Google também confirmou que recebe solicitações para acesso a registros de notificações push, mas que elas precisam de ordens judiciais.
A companhia afirmou que inclui este tipo de informação em seus relatórios de transparência. Segundo uma reportagem da Wired, os relatórios divulgados entre dezembro de 2019 e dezembro de 2022 não especificam quantas solicitações eram direcionadas a notificações.
O Washington Post analisou alguns processos que envolveram acesso a notificações de suspeitos. Entre eles, estão casos de lavagem de dinheiro e pornografia infantil, bem como envolvimento na invasão do Capitólio, em 2021.
Como investigadores acessam notificações
Ao contrário do que muita gente pensa, notificações push não vão diretamente do app para a tela do celular. Elas precisam passar por serviços dos sistemas operacionais, como o Push Notification Service, do iOS da Apple, e o Firebase Cloud Messaging, do Android do Google.
Como explica a Wired, cada usuário de um app recebe um token de push, que é compartilhado entre o app e o sistema de notificações do sistema operacional. Esses tokens não são ligados permanentemente a um usuário, e podem mudar caso ele desinstale e reinstale um app ou troque de aparelho.
Para descobrir o token, as autoridades precisam procurar primeiro o desenvolvedor do aplicativo de interesse. A partir daí, elas procuram a Apple e o Google e solicitam informações associadas.
Com informações: Wired, Washington Post, Ars Technica
Apple e Google compartilham histórico de notificações com autoridades
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