Em novembro de 2021, uma operadora entrante arrematou espectro para oferecer serviços móveis em todo o Brasil. O sonho de ter uma quarta operadora nacional acabou: a Winity renunciou a licença e devolverá a frequência para a Anatel.
A Winity não seria uma operadora como Claro, TIM e Vivo. Com objetivo de atuar no mercado de atacado — ou seja, atender outras operadoras e não o consumidor final —, a entrante arrematou o último bloco de 700 MHz ainda disponível no Brasil pela bagatela de R$ 1,42 bilhão. Era uma cifra bem alta, com ágio de 805,8% em relação ao preço mínimo estipulado pela Anatel.
Um dos compromissos estabelecidos do bloco arrematado pela Winity era construir cobertura 4G em mais de 55 mil km de rodovias federais, além de atender diversas localidades não atendidas por serviços de quarta geração.
Apesar de ter desistido de ser uma operadora de celular, a Winity continua existindo como provedor de infraestrutura para outras operadoras. A empresa firmou, em dezembro, um contrato para prover cobertura 4G, 5G e Wi-Fi nas linhas 1, 2 e 3 do metrô de São Paulo.
Acordo com Vivo tem peso na desistência da Winity
Em agosto de 2022, a Winity celebrou um contrato com a Vivo para alugar parte do espectro de 700 MHz. Esse acordo recebeu anuência da Anatel, com condicionantes.
Um dos “remédios” decisivos para a renúncia da licença foi a proibição da Vivo em fazer RAN Sharing (compartilhamento de rede) nas frequências de 2,3 GHz e 3,5 GHz em municípios com menos de 100 mil habitantes até 2030.
Para a Vivo, a vedação ao RAN Sharing poderia inviabilizar o negócio com a Winity. Por outro lado, a Winity dependia do contrato para construir sua infraestrutura e cumprir com os compromissos de cobertura em estradas e localidades não atendidas por 4G.
“Na perspectiva da Winity, a assinatura de contratos de longo prazo para utilização de infraestrutura é condição essencial para viabilizar um modelo de negócio sustentável que permita, de um lado, fazer frente aos investimentos bilionários necessários”, diz a nota da empresa.
Dito e feito: a Winity anunciou a renúncia do espectro arrematado em 2021. Em paralelo, a Vivo anunciou ao mercado que o contrato firmado com a Winity foi terminado.
Terceira desistência do leilão do 5G
Essa é a terceira operadora entrante no leilão do 5G que abandonou o espectro. Logo após o certame, a FlyLink apresentou sua desistência de um bloco de 26 GHz (mmWave). Um investidor externo decidiu não prosseguir com o negócio por não arrematarem um bloco de 3,5 GHz.
O mesmo aconteceu com a Neko, que arrematou um bloco de 26 GHz para atuar no estado de São Paulo e também desistiu do espectro.
Em ambos os casos, seria muito difícil (para não dizer impossível) criar uma operação 5G apenas com espectro mmWave. Essa frequência possui alcance muito baixo e exige maior densidade de antenas.
Com informações: Telesíntese
Operadora de celular desiste de negócio e devolve espectro para Anatel
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