A operadora americana Comcast não vai mais usar a marca Xfinity 10G Network para sua rede de 10 Gbps (que só tem essa velocidade para alguns clientes). A decisão veio após protestos das concorrentes e recomendações dos órgãos responsáveis por autorregular a publicidade nos EUA.
O Narb, órgão do próprio setor publicitário que dá a última palavra em casos do tipo, decidiu que a Comcast não deve mais usar o termo “10G” para descrever a internet Xfinity. A autoridade considerou que o “G” pode ser entendido pelos consumidores como “geração”. Uma rede 10G, portanto, estaria cinco gerações à frente do 5G, tecnologia mais avançada disponível atualmente.
Outra interpretação é que o termo “10G” dá a entender que a internet da Comcast tem o dobro de velocidade do 5G, quando, na verdade, é o contrário: o 5G pode alcançar até 20 Gbps.
O 10G da Comcast significa 10 Gbps e não se trata de uma conexão sem fio, como o 5G. Essa velocidade, aliás, nem está disponível para todos os clientes da Xfinity 10G Network. Para alcançar 10 Gbps, o consumidor precisa de um serviço de FTTH (fibra para a casa) chamado Xfinity Gigabit Pro. Este foi outro motivo para o Narb pedir a retirada dos anúncios.
A Comcast já tinha sofrido uma derrota na NAD, órgão de autorregulação publicitária aos EUA. Juntos, NAD e Narb cumprem um papel semelhante ao do Conar no Brasil. Em outubro, a NAD solicitou que a empresa deixasse de anunciar o “10G” ou explicasse o produto de uma maneira que não fosse falsa ou enganosa. A decisão foi uma resposta a queixas de T-Mobile e AT&T.
Em resposta aos julgamentos, a Comcast diz que deixará de usar a marca “Xfinity 10G Network”, mas discorda veementemente da análise e da abordagem da Narb. A empresa ainda poderá usar o “10G” isoladamente, desde que seja de maneira precisa.
Operadoras adotam nomes enganosos
Não é a primeira vez que operadoras se complicam com autoridades devido a nomenclaturas de serviços. Nos EUA mesmo, em 2019, a AT&T foi criticada por usar o termo “5G Evolution” para redes 4G mais rápidas, que a empresa anunciava como “primeiro passo para o 5G”.
Mesmo com a NAD mandando parar, a operadora continuou a usar o “5G E” na barra de sinal, aquela do topo da tela dos smartphones. Para a empresa, este uso não poderia ser considerado publicidade.
No Brasil, um caso recente é o da Claro. Em 2021, a empresa foi condenada a pagar R$ 600 mil por usar o termo “com fibra” ao anunciar sua internet banda larga de rede híbrida, com fibra ótica até o concentrador de rede e cabos de cobre até a residência do consumidor.
Com informações: The Verge
Operadora desiste de usar marca com “10G” para rede que não é 10G
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