Pelo jeito, tablets estão longe da lista de desejos de muita gente. Um relatório divulgado pela empresa de inteligência de mercado IDC revela que 128,5 milhões de unidades foram vendidas em 2023. Esse número é 20,5% menor em relação a 2022 e corresponde ao volume de vendas anual mais baixo registrado desde 2011. Por quê?
Outras prioridades
Anuroopa Nataraj, analista da IDC, aponta o congelamento de gastos e a alocação de dinheiro para outros itens além de eletrônicos por parte dos consumidores entre os fatores que explicam as vendas tímidas de tablets em 2023.
Mas é provável que os fatores econômicos não sejam a única causa desse cenário. A experiência do usuário também conta. Muitos consumidores não compram tablets simplesmente porque as tarefas que seriam executadas nesses dispositivos podem ser feitas satisfatoriamente no celular.
Essa percepção faz dos tablets “produtos de nicho”. Eles acabam atendendo a usuários que precisam de uma tela maior para executar tarefas específicas, como edição de imagem ou projetos de design, mas esse público não é a maioria.
O iPad vendeu menos, mas Apple manteve liderança
Dos 128,5 milhões de tablets que chegaram às lojas em 2023, 48,5 milhões correspondem a iPads. O número atesta a liderança absoluta da Apple nesse mercado.
Apesar disso, a Apple também foi afetada pelo “esfriamento” do setor. Em 2023, a linha iPad teve queda de 19,8% nas vendas na comparação com o ano anterior. No quarto trimestre de 2023, a diminuição das remessas de iPads foi de 29,3% em relação ao mesmo período de 2022, apesar de essa ser uma época com Black Friday e Natal.
O levantamento do IDC mostra a Samsung na segunda posição do ranking, com 26,2 milhões de tablets despachados em 2023 (queda de 13,9% em relação a 2022). É um número distante da quantidade registrada pela Apple. Por outro lado, o resultado coloca a companhia coreana na liderança do mercado de tablets Android.
Fabricante | Vendas em 2023 | Market share 2023 | Comparação 2022 |
---|---|---|---|
1. Apple | 48,5 milhões | 37,8% | -19,8% |
2. Samsung | 26,2 milhões | 20,4% | -13,9% |
3. Lenovo | 9,3 milhões | 7,2% | -19,7% |
4. Huawei | 8,7 milhões | 6,8% | -4% |
5. Amazon | 5,5 milhões | 4,2% | -65,9% |
Outros | 30,3 milhões | 23,6% | 11,1% |
Total | 128,5 milhões | 100% | -20,5% |
Menção honrosa para a Xiaomi, que não aparece no “top 5” de 2023, mas conseguiu ficar na quinta posição do quarto trimestre do mesmo ano ao despachar 1,6 milhão de tablets no período. Esse número foi resultado de uma agressiva estratégia de marketing, de acordo com a IDC.
E em 2024? Depende
Se 2023 não foi dos melhores para o setor, as expectativas recaem sobre 2024, mas de um modo tímido. Nataraj até acredita que o mercado de tablets pode apresentar alguma recuperação neste ano, mas alerta que isso depende do desempenho da atividade econômica:
Espera-se que 2024 mostre algumas chances de recuperação, desde que o ano seja economicamente melhor. Os desafios gerais continuam no mercado de tablets, e os avanços tecnológicos em torno da inteligência artificial provavelmente se concentrarão mais em PCs e celulares nos próximos dois anos, mas os tablets se tornarão cada vez mais comuns nessa conversa.
Anuroopa Nataraj, analista de pesquisa sênior da IDC
Os tablets não morreram, mas as vendas despencaram
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