Apple Vision Pro na sede da Apple nos Estados Unidos (Imagem: Thássius Veloso/Tecnoblog)
Apple Vision Pro na sede da Apple nos Estados Unidos (Imagem: Thássius Veloso/Tecnoblog)

Duas semanas após o início de suas vendas, alguns clientes estão devolvendo o Apple Vision Pro. O headset VR da Apple, que tem preço inicial de US$ 3.499 (R$ 17.388,63 em conversão direta), chegou com grande alarde, ótimos recursos e hardwares, mas não é um produto para todos. E não estamos falando do custo, mas sim do fato de que sua usabilidade ainda é bem limitada.

Os principais motivos para a devolução, acompanhando relatos nas redes sociais, estão:

  • Peso.
  • Desconforto.
  • Sintomas na visão.
  • Falta de utilidade.

Por que clientes estão devolvendo o Apple Vision Pro

Apple Vision Pro - WWDC 23 (Imagem: Divulgação/Apple)
Já pensou trabalhar duas horas com headset de aproximadamente 650 g pesando a sua cabeça para baixo? (Imagem: Divulgação/Apple)

Vamos aprofundar a lista de motivos que levou alguns clientes a devolverem o Apple Vision Pro. Começando pelo peso e desconforto, o Vision Pro possui pouco mais de 600 g, sem contar a bateria, que é externa, e tem 353 g. Esse valor é por volta de 100 g mais pesado que o Meta Quest 3.

O relato dos usuários do headset VR da Apple é que o centro de gravidade está para a frente do visor. Isso significa que, caso você consiga ficar usando o Vision Pro por 2 horas (capacidade da bateria), o seu pescoço ficará empurrando a cabeça para trás para compensar o peso do headset empurrando para baixo. Isso acaba gerando um sintoma da síndrome da visão do computador.

Outro ponto do desconforto e incômodo é usar o produto com uma bateria externa. Caso o usuário decida se mover com o Apple Vision Pro, ele precisa levar a bateria com ele, seja no bolso ou na mão — cuidado com o fio. Há ainda clientes que reclamaram da faixa de suporte para cabeça.

As reclamações de sintomas de visão não são exclusivas do Apple Vision Pro. Relatos de cansaço na vista, vermelhidão e até um rompimento de vaso são comuns entre usuários de headset VR (que, lembrando, existem há anos). O usuário fica um bom tempo com telas a centímetros de distância dos olhos e piscando menos.

The Verge criou simulação de como realmente é a visão do Vision Pro fora da captura de tela. Alguns clientes reclamaram dessa resolução levemente borrada e cortada (Imagem: Reprodução/The Verge)
The Verge criou simulação de como realmente é a visão do Vision Pro fora da captura de tela. Alguns clientes reclamaram dessa resolução levemente borrada e cortada (Imagem: Reprodução/The Verge)

Essa situação é um lado negativo do ótimo marketing da Apple. Ela conseguiu encantar diversas pessoas que nunca se interessaram por realidade virtual. No entanto, parafraseando o “glass is glass” do JerryRigEverything, o Apple Vision Pro é um headset VR e headset é headset VR: ele terá os mesmos problemas dos seus concorrentes e do segmento.

A falta de utilidade do produto de US$ 3.499 também levou alguns clientes a devolverem o produto. Mesmo com uma biblioteca de mais de 1.000 apps e 150 filmes preparados para o Vision Pro, uma parte dos usuários não vê o valor do produto — e não falamos do preço. O headset VR da Apple segue o ecossistema fechado da empresa, o que te impede de, por exemplo, usá-lo para jogar um título AAA de corrida. Contente-se com Fruit Ninja VR.

Essas reclamações dos clientes não devem ser uma surpresa para a Apple. A própria equipe responsável pelo Vision Pro acredita que levará quatro gerações para ele ser o produto almejado. Os hardwares são bons (é a melhor tela dos headsets), mas não adianta uma Ferrari se for para rodar em estrada de terra. No mais, mesmo que o rival Meta Quest 3 seja 7x mais barato e com mais recursos, ambos são produtos nichados e não resolvem um problema do usuário comum.

Com informações: The Verge e Business Insider

Apple Vision Pro: alguns compradores decidiram devolver o aparelho