Ex-CEO do Twitter (hoje chamado X) e um dos idealizadores do Bluesky, Jack Dorsey avalia que a nova rede está cometendo os mesmos erros que o Twitter nos negócios e na moderação de conteúdo. O executivo revela que não queria que a nova empresa fosse uma empresa, mas apenas um projeto de protocolo aberto.
“Eu não acho que um protocolo precise de um conselho ou quer um conselho. E se tem um conselho, não é uma coisa que eu quero ajudar a construir ou financiar”, declara Dorsey, que deixou o conselho do Bluesky recentemente.
O ex-CEO do Twitter avalia que as decisões de moderação estão tomando o mesmo rumo que a antiga empresa, o que ele considera um erro. “O Bluesky viu este êxodo de pessoas do Twitter, elas apareceram e eram uma multidão muito comum, mas aos poucos, começaram a pedir para Jay [Graber, CEO do Bluesky] e para a equipe ferramentas de moderação e que usuários fossem banidos”, conta o executivo.
Insatisfação vem dos tempos de Twitter
As declarações estão em uma longa entrevista ao site Pirate Wires. Dorsey conta que ficou frustrado com a tarefa de comandar o Twitter como um negócio, buscando dinheiro de investidores e anunciantes e tendo que entregar lucros.
Foi aí que o Bluesky nasceu, como um projeto dentro do Twitter para criar um protocolo para redes sociais descentralizadas, que viria a se tornar o AT Protocol. O executivo compara a ideia a um HTTP ou SMTP, protocolos de transferência de conteúdos e emails que servem de base para a internet como conhecemos. Seria uma forma de separar os negócios (Twitter) da tecnologia (Bluesky).
Dorsey queria que o Twitter fosse um cliente para o Bluesky, mas que outras redes também pudessem usar o protocolo e conversar entre si. Em 2022, o Bluesky se separou do Twitter e formou uma empresa de interesse público. O ex-CEO não gostou da estrutura, mas aceitou uma cadeira no conselho.
Dorsey apoia o Nostr, outro protocolo para redes
Na mesma entrevista, o ex-CEO do Twitter revelou que está apoiando financeiramente o projeto Nostr, que também visa criar um protocolo descentralizado para redes sociais. “Eu decidi deletar minha conta no Bluesky e me concentrar no Nostr, financiando da melhor maneira possível”, explica Dorsey.
O Nostr é popular entre entusiastas de criptomoedas, blockchain e Web 3.0. O fundador é um anônimo conhecido apenas como “fiatjaf”. Segundo a Forbes, ele é brasileiro e nascido em 1991.
“Eu sei que está só no começo, e que o Nostr é esquisito e difícil de usar, mas se você realmente acredita em resistência à censura e liberdade de expressão, você tem que usar as tecnologias que realmente permitem isso e defender seus direitos”, avalia Dorsey.
O Bluesky e o Nostr não são os únicos projetos de protocolo aberto para redes sociais. Outro exemplo é o ActivityPub, usado por Mastodon, Threads (da Meta) e mais redes, que compõem o que é conhecido como fediverso.
Bluesky rebate criticas de Dorsey
Após a publicação da entrevista, líderes da companhia por trás do Bluesky responderam aos comentários de Dorsey.
Paul Frazee, engenheiro de protocolos, disse que Elon Musk matou a ideia de usar o AT Protocol no Twitter. Ele também acha que a decisão de moderar a rede não é exclusiva da diretoria. “Mesmo se alguém quiser fazer um app se moderação sobre o AT Protocol, isso é possível. Boa sorte com as lojas de aplicativos, autoridades reguladoras e usuários”, ironiza Frazee.
Jay Graber, CEO do Bluesky, também se manifestou. Em sua página na rede social, ela disse que Dorsey não entendeu direito o que a empresa está fazendo. “A estrutura do Bluesky é mais aberta do que o Twitter jamais foi, mas o design do AT Protocol permite que ele pareça mais familiar e fácil de usar”, comenta a executiva.
Com informações: Pirate Wires, Engadget, Business Insider
Jack Dorsey diz que Bluesky repete os mesmos erros do Twitter
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