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YouTube tenta acordo para gravadoras liberarem músicas para treinar IA (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

A inteligência artificial (IA) generativa precisa ser treinada para produzir resultados. É por isso que o YouTube está tentando convencer gravadoras a licenciar músicas para esse fim. Apesar da resistência de muitos artistas à ideia, há boas chances de a plataforma ter sucesso nas negociações.

O YouTube já tem uma ferramenta do tipo. O Dream Track, como é chamado, surgiu em 2023 para gerar músicas a partir de prompts (instruções em texto) baseadas na voz e estilo de dez artistas, entre eles, Demi Lovato e John Legend.

Esse conteúdo pode então ser reaproveitado em Shorts, sem que o usuário tenha que se preocupar com direitos autorais. O problema é que poucos artistas toparam participar do projeto.

O Financial Times relata que o YouTube quer lançar um projeto de música por IA generativa mais avançado ainda em 2024. A iniciativa foi idealizada para envolver dezenas de artistas, segundo as fontes ouvidas pelo veículo. Daí as negociações com gravadoras.

Pagando bem…

Podemos imaginar as gravadoras se opondo à ideia, afinal, músicas geradas por IA podem fazer elas perderem contratos de licenciamento futuros com o YouTube. Mas são os artistas que mostram mais resistência. As gravadoras vem aceitando negociar.

Isso significa que, se os valores oferecidos pelo YouTube forem generosos, a plataforma terá boas chances de fechar acordos amplos de licenciamento com os selos.

A dinâmica básica seria esta: o YouTube fecha um contrato com a gravadora e esta tenta convencer artistas a aderirem ao projeto. Sony Music, Warner e Universal estariam entre as gravadoras em negociação com o serviço.

Assim como o Dream Track, o novo projeto deve beneficiar o YouTube Shorts, de modo a incentivar mais usuários a postarem vídeos curtos nessa plataforma. Com isso, o YouTube passaria a ter mais um recurso para competir com o TikTok e o Instagram.

YouTube Shorts (Imagem: Divulgação)
YouTube Shorts (imagem: divulgação/YouTube)

Difícil é convencer os artistas

A ideia de uma inteligência artificial criar músicas a partir de trabalhos já existentes não agrada a boa parte dos artistas. Prova disso vem de uma carta aberta publicada em abril em que mais de 200 deles pedem cautela com a IA. Um trecho diz:

Sem controle, a IA iniciará uma corrida rumo ao abismo que degradará o valor de nosso trabalho e não nos deixará sermos compensados de forma justa por ele.

Entre os artistas que assinam a carta estão Aerosmith, Jon Bon Jovi, Katy Perry e Sam Smith. Há representantes brasileiros ali, como Maneva e Lauana Prado.

Com informações: Ars Technica

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