O Facebook está repleto de grupos que promovem o “Jogo do Tigrinho” e outras variantes do jogo de azar na rede social. Alguns dos espaços possuem mais de 100 mil participantes, disparam links com a promessa de ganhos fáceis diariamente e até dão indícios de que foram invadidos por contas que divulgam as plataformas. 

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O “tigrinho” ganha cada vez mais espaço nas redes sociais da Meta: além dos grupos no Facebook, muitos usuários reclamam do aumento de contas de spam que divulgam o jogo no Instagram e em grupos do WhatsApp. 

Avalanche de grupos

Uma pesquisa rápida do termos “Jogo do Tigrinho” e “Fortune Tiger” já revela dezenas de grupos sobre o mesmo tema, todos com uma estrutura muito parecida. As publicações também seguem o mesmo foco, com vários links para plataformas de apostas e promessas de que os sites “pagam bem” ou “estão pagando”. 


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Um dos grupos, com mais de 39 mil membros, também publica dicas e truques para “driblar” o sistema dos caça-níqueis e faturar nas apostas, além de reforçar que tem exemplos de “ganhos reais”.

Outro fator em comum entre esses grupos é a ausência de comentários negativos: não existem relatos de pessoas que perderam dinheiro ou usuários com dúvidas, apenas reforços positivos e com links para plataformas. Consistem apenas de pessoas divulgando links, sem interações entre si.

Grupos disparam anúncios para o “Jogo do Tigrinho” no Facebook (Imagem: Captura de tela/André Magalhães/)

Num dos espaços, com 32 mil participantes, a frequência de posts chega a mais de 400 publicações por dia, todas com a mesma proposta e até posts repetidos, mas de contas diferentes. A prática é muito parecida com a divulgação de spam no Facebook e em outras redes sociais.

O  entrou em contato com administradores de vários grupos, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

Suspeita de invasão

O grupo mais popular sobre o tema tem 119 mil membros e uma enxurrada de posts diários sobre cassinos online. Porém, uma análise das informações sugere que a comunidade pode não ter surgido de forma espontânea: a descrição do espaço, que existe desde 2016 no Facebook, menciona que se trata de um lugar para conversar sobre crochês e amigurumi (técnica para criar miniaturas de crochê).

Grupo de crochê que existe desde 2016 foi transformado num espaço para divulgar o jogo de azar (Imagem: Captura de tela/André Magalhães/)

Portanto, existem indícios de que o grupo foi hackeado ou teve a sua função original desviada pelos administradores. Há exemplos de espaços criados em 2021 e 2022, antes do tigrinho se tornar popular no Brasil, e que eram dedicados a falar sobre games ou convites para o Kwai.

Procurada pela reportagem, a Meta também não respondeu ao pedido de contato até a publicação — o texto será atualizado em caso de resposta.

Meu grupo foi sequestrado, e agora?

Se você faz parte de um grupo que foi convertido para divulgar o jogo, pode denunciá-lo da seguinte forma:

  1. Abra o grupo;
  2. Selecione o ícone de três pontos na página inicial;
  3. Pressione “Denunciar grupo”;
  4. Marque a opção “Spam”.

O tigrinho é ilegal?

O jogo do tigrinho e suas respectivas variantes são considerados jogos de azar, que são ilegais no Brasil e cuja divulgação pode resultar até em cadeia. Os games simulam caça-níqueis e determinam se o usuário ganha ou não apenas pela sorte — é diferente das “bets” esportivas, que operam num sistema de cotas fixas baseadas em eventos reais e podem ser usadas no país.

Normalmente, os cassinos online que divulgam o jogo possuem procedência duvidosa e às vezes sequer oferecem formas de atendimento ao consumidor. Como estão hospedados em sites fora do Brasil, isso dificulta o rastreamento pelas autoridades nacionais.

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