O transtorno do espectro autista (TEA, popularmente conhecido como autismo) sempre atraiu olhares atenciosos dos cientistas por conta de sua complexidade. Em um estudo publicado na Molecular Autism, cientistas brasileiros e norte-americanos mostraram que o aumento do tamanho do cérebro (macrocefalia) pode influenciar diretamente nessa condição, intensificando os sintomas.
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- Autismo: alterações do neurodesenvolvimento surgem nas primeiras semanas de vida
Para chegar nessa descoberta, o grupo de cientistas analisou imagens cerebrais de mais de 900 crianças com TEA e revisou experimentos feitos com minicérebros de laboratório.
O estudo revela que os minicérebros derivados de células de crianças com sintomas mais severos eram até 41% maiores que os controles.
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Em comunicado divulgado pela Agência Fapesp, os pesquisadores relembram que não é toda criança com TEA e sintomas severos que vai apresentar alteração no tamanho do cérebro. A questão é que, quando há macrocefalia, há maior severidade dos sintomas.
Autismo e tamanho do cérebro
A teoria dos pesquisadores é que a diferença no tamanho do cérebro parece estar ligada a alterações na atividade de uma enzima conhecida como Ndel1. Trata-se de uma proteína associada a transtornos neurológicos, como esquizofrenia e transtorno bipolar.
“Já se sabia que os neurônios de pessoas com autismo apresentavam alterações. As análises nos minicérebros confirmaram que, sobretudo nos casos de macrocefalia, ocorre um aumento no número de progenitores neurais [células que dão origem aos neurônios]”, diz João Nani, da Universidade da Califórnia em San Diego
“Nossa análise mostrou que possivelmente o cérebro é maior devido a esse número elevado de progenitores celulares que não conseguem se diferenciar durante a embriogênese”, completa.
Os cientistas viram que várias células neurais não estavam atuando como deveriam, nem criando conexões (sinapses) como esperado.
Sintomas do TEA (autismo)
De acordo com o Ministério da Saúde, o TEA é caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento, interferindo na capacidade de comunicação, linguagem, interação social e comportamento.
Ações repetitivas, hiperfoco para objetos específicos e restrição de interesses são algumas características marcantes do transtorno. Dentro do espectro são identificados graus que podem ser leves e com total independência (com dificuldades de adaptação) até níveis de total dependência para atividades cotidianas.
Os cientistas desse novo estudo reiteram que os sintomas sociais e de comunicação são comuns entre indivíduos no espectro autista, mas a gravidade difere de uma pessoa para outra. De qualquer forma, o grupo tem um olhar otimista de que as descobertas abrem novos caminhos para o entendimento do TEA.
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