A OMS divulgou nesta terça-feira (3) o resultado de uma análise de estudos sobre a possível ligação de cânceres na cabeça e uso de celulares. A pesquisa, comissionada pelo órgão australiano de proteção contra radiação, concluiu que o uso dos aparelhos não contribui para o surgimento de tumores na região. Para a revisão foram avaliados estudos de 1994 até 2022.
O processo de análise da agência australiana de proteção contra radiação (Arpansa na sigla inglês) envolveu, primeiro de tudo, avaliar mais de 5.000 estudos e remover aqueles que utilizaram metodologias fracas. Entre os estudos que foram eliminados estão os primeiros sobre o tema, realizados ainda nos anos 90, quando os celulares começavam a se popularizar nos países mais ricos.
No fim, foram avaliados 63 estudos. A equipe da revisão foi formada por 11 pesquisadores de 10 países, sendo liderado pelo órgão australiano, representada por Ken Karipidis, direto de assistência em saúde da agência. A Universidade de Auckland, Nova Zelândia, também participou dos estudos.
Revisão confirma estudos mais recentes
Os resultados dessa revisão confirmam estudos publicados nos últimos anos. A Arpansa também já havia publicado em outras ocasiões, inclusive na revista científica British Medical Journal, que o uso de celular não aumenta o risco de tumores na cabeça.
O uso da expressão “tumores na cabeça” envolve cânceres no cérebro, glândulas, meninges, orelhas e outras partes da região, incluindo pescoço. Como celulares emitem radiação eletromagnética, as populares ondas de rádio, ao realizarmos uma ligação, toda essa parte está recebendo essas ondas — mas, como prova o estudo, sem danos.
Diariamente somos acertados por diferentes tipos de radiações (como a UV do Sol), principalmente essas ondas de rádio. Ainda assim, por mais que celulares emitam uma quantidade baixa dessa radiação, somos mais atingidos por elas devido ao contato regular e proximidade com os aparelhos.
Pesquisador destaca falhas em estudos passados
Para Ken Karipidis, essa revisão é a principal evidência sobre o assunto. Quando os celulares começaram a ganhar espaço, lá nos anos 90, os estudos separavam a população da pesquisa em dois grupos: pacientes com câncer e pessoas sem câncer.
Segundo Karipidis, esses primeiros estudos eram enviesados. O pesquisador aponta que as pessoas sem câncer forneciam informações precisas, mas os pacientes com câncer costumavam exagerar ao relatar a exposição à radiação. Esses estudos podem ter contribuído com a lenda urbana de que celulares causam câncer.
“Ainda que o uso de celulares tenha subido como um foguete, as taxas de tumores cerebrais se mantêm estáveis”, disse Karipidis.
No estudo da Arpansa divulgado em 2018, a agência destacou que os maiores casos de glioblastoma, um tumor cerebral, estariam ligados a uma melhora no diagnóstico da doença.
Em 2011, a OMS considerou ondas de rádio como possivelmente carcinógeno. Karipidis explicou que a classificação da Organização é mais ampla, jogando na categoria “possível” os fatores do qual há incerteza. Babosa e conserva de vegetais também são possivelmente carcinógenos.
Karipidis disse que a preocupação com usar o celular e ter câncer devem ser esquecidos. Porém, o pesquisador aponta que essas pesquisas não podem parar, já que a tecnologia está em constante evolução.
Com informações: The Guardian e The Verge
Estudo da OMS afirma que celulares não causam câncer
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