Entre 2008 e 2019, a Marvel Studios comandou uma escalada sem precedentes de adaptações de histórias em quadrinhos de super-heróis. O sucesso massivo levou várias empresas, inclusive os rivais da Warner Bros/DC Films e até as companhias já interessadas nesse nicho, a criar um cronograma de lançamentos que, inicialmente, colocou uma atração estreando algo ligado a esse tema o ano todo, seja nos cinemas e plataformas de streaming quando em games e seriados de TV convencional.

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Vale destacar que a bilheteria acima de US$ 1 bilhão era recorrente no Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês) durante a chamada Saga do Infinito, entre 2008 e 2019. Agora, na Saga do Multiverso, o único filme a bater essa marca antes de Deadpool & Wolverine foi Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, em 2021.

 Eis que em 2023 e 2024, o mercado percebeu o que muitos já temiam: a tal da “fadiga dos super-heróis”, que, basicamente, afugentou os fãs das salas de cinema na Fase 4 da Marvel Studios, que só se recuperou recentemente de fracassos históricos como The Marvels com o sucesso estrondoso de Deadpool & Wolverineas a “fadiga dos super-heróis” não é somente um termo para justificar baixas cifras. Há realmente um certo desinteresse pelo gênero, e não é exatamente um caso de “timing” ou gosto pessoal. É uma série de fatores que afetou o mercado e o consumo, e que já aconteceu no passado com os mesmos conglomerados e temas, mas nos quadrinhos.


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E como a Marvel e DC conseguiram superar a “fadiga dos super-heróis” nos quadrinhos? Bom, para falarmos disso, é preciso traçar o paralelo entre os causadores disso agora com os do passado. A fadiga dos super-heróis de hoje.

Chris Evans, o Capitão América de Vingadores, pediu mais créditos aos filmes de super-heróis, mesmo aos que não vão bem; e Paul Dano, o Charada de O Batman, acha que esse é o momento para que ideias inovadoras tragam novo fôlego ao mercado.

E como essa fadiga se instalou? Veja bem, há muitos fatores envolvidos, mas vamos resumir em alguns. O primeiro tem a ver com o nosso comportamento durante a pandemia de covid, que nos deixou ainda mais ansiosos e com altas expectativas em ambientes socialmente isolados. O hiato causado pelas produções paralisadas e, em seguida, pela greve de roteiristas, afetou profundamente a distribuição e o consumo.

A qualidade das atrações caiu por conta de roteiros pouco inspirados e a parte técnica bastante aquém do tínhamos visto até então. Houve uma queda geral, e, para piorar, a retomada à salas de cinema em 2021 foi bastante tímida, seja por conta do medo ainda latente da pandemia ou pelo hábito que mudou um pouco mesmo.

Em 2022, o público voltou às salas de cinema em massa, mas também passamos por um momento de recessão mundial e produções com tíquetes cada vez mais caros. Muita gente que assina mais de uma plataforma de streaming opta por ver as atrações de menor apelo em casa, já que os títulos têm chegado mais cedo — e isso também é uma herança do hábito de consumo visto na pandemia.

Para completar apenas algumas das razões pela qual passamos por uma “fadiga de super-heróis”, é preciso lembrar que o mercado de entretenimento e consumo em geral está em momento de retomada da pandemia. 

Então, há ofertas por todos os lados, em busca do precioso tempo e dinheiro do público, que precisa se desdobrar para curtir games, festivais de música e passeios, novos dispositivos tecnológicos e redes sociais. Compreender difíceis timelines em vários filmes e séries que exigem alguma dedicação facilita a escolha quando você precisa ter prioridades.

A fadiga dos super-heróis dos anos 1990

A virada dos anos 1980 para os 1990 trouxe uma realidade cruel para o mercado dos quadrinhos de super-heróis. As fórmulas desgastadas que se repetiam sem grandes novidades e uma continuidade retroativa mal executada que impedia os personagens e tema de progredir começou a afastar os leitores veteranos e sequer atraiam os mais jovens.

As grandes editoras, a exemplo de Marvel Comics e DC Comics, passaram a apelar para histórias extremas cheias de tragédias forçadas, violência, sexismo e roteiros preguiçosos. Batman virando paraplégico, Lanternas Verdes morrendos, Superman sendo espancando até a morte, Wolverine perdendo seus ossos de adamantium e se transformando em um bicho irracional, entre outras barbaridades, foram todas cometidas na tentativa desesperada por uma renovação na geração de leitores.

Alguns títulos até foram melhor, como os X-Men e Homem-Aranha, mas, em geral, o público realmente sentiu a “fadiga dos super-heróis” e debandaram para a variedade e qualidade de títulos dos mangás e do mercado adulto e independente, a exemplo das franquias do selo Vertigo e revistas como Bone e Estranhos no Paraíso.

Com o avanço da internet e a expansão da variedade de atrações no mercado de entretenimento, assim como a chegada de dispositivos móveis e videogames mais poderosos também dividiram o bolso dos fãs.

Como a Marvel e a DC superaram?

Bem, como todo mundo deve saber, a Marvel Entertainment vendeu direitos de adaptação para os cinemas de ícones como X-Men, Homem-Aranha e Hulk para estúdios que fecharam um absurdo contrato com licença vitalícias, que só voltariam para a Marvel Studios após certo período de tempo sem o uso dessas propriedades.

Foi somente a partir  dos anos 2000, a DC Comics e a Marvel Comics compreenderam melhor como manter atualizadas propriedades criadas há décadas, e que estão mensalmente satisfazendo fãs veteranos enquanto tentam conquistar novos leitores — principalmente os heróis mais populares, a exemplo dos octogenários Batman e Superman. E a destruição oficial de uma peça icônica da história do Homem-Morcego, que tem mais de 45 anos de vida, é parte desse processo.

A Marvel começou primeiro, e a DC demorou um pouco, mas em meados de 2000, ambas já tinham uma fórmula que, com o tempo, mostrou resultados e foi aprimorada. O conceito envolve a desconstrução e reconstrução constante de suas propriedades, em um universo compartilhado que promove consequências reais à continuidade. É um ciclo dinâmico e infinito que lembra um pouco o Ragnarok da mitologia nórdica.

A melhor forma de saber como um herói faz falta em um cenário, e o que ele precisa naquele momento para se conectar com a audiência, é observar o que acontece em sua ausência. E isso se estende aos elementos ao seu redor, incluindo vilões, personagens coadjuvantes, base de operações, aliados, enfim, tudo o que está interligado e que pode não estar mais fazendo sentido no contexto geral e atual.

A partir dos anos 2010 e com a ajuda de outras mídias, como o cinema e a TV, as editoras compreenderam também que as grandes sagas, que normalmente trazem mortes e reboots, precisam ser um ponto de referência.

Esses eventos devem cumprir um ciclo cronológico que possa amadurecer, superar, reinventar, questionar e responder coisas que vão tornar seus universos e personagens constantemente vivos em uma dinâmica narrativa sempre em movimento — de preferência, em sintonia com o que ocorre no mundo real; e alinhado ao comportamento dos fãs, tanto os veteranos quanto os novatos, independente de idade, raça, gênero e nacionalidade.

Assim, a Marvel Comics conseguiu recuperar franquias que estavam moribundas, a exemplo de Vingadores, Capitão América e Thor. A presença de filmes bem-sucedidos nos cinemas também ajudou a Marvel Studios a criar algo nunca executado da indústria: um universo transmídia sincronizado e com os mesmos atores vestindo o uniforme dos personagens que assumiriam.

Esse foi o primeiro passo experimental e que deu certo, tornando-se um modelo padrão que a cada ano é refinado. O resultado é um bom caminho para a Marvel Studios ou o DC Studios revisitar essa táticas eficazes que sobreviveram. A solução para os a fadiga dos super-heróis está no próproos ca

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