Os grandes tubarões vivem no topo da cadeia alimentar dos mares e estão praticamente livres de predadores, com exceção de algumas orcas. No entanto, biológicos dos EUA identificaram, pela primeira vez, um tubarão-sardo (Lamna nasus) fêmea, com pouco mais de 2 metros de comprimento, ser devorado por outro ainda maior. A vítima estava grávida.

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Entre os tubarões menores, é relativamente comum relatos deles terem sido engolidos por outros tubarões, ainda mais quando são filhotes. No entanto, isso é um acontecimento extremamente raro entre os grandes predadores da megafauna marinha e somente foi registrado com a ajuda de equipamentos de geolocalização e sensores de temperatura. 

“Os dados apresentados neste estudo são, até onde sabemos, a primeira evidência de predação em um tubarão-sardo e fornecem uma nova visão sobre interações interespecíficas para esta grande espécie de tubarão globalmente vulnerável”, afirmam os autores, em artigo recém-publicado na revista Frontiers in Marine Science.


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Grandes tubarões dos oceanos

Na fase adulta, o tubarão-sardo pode crescer até os 3,7 metros de comprimento e pesar mais de 230 kg. No caso da fêmea vítima da caçada, ela medida 2,23 metros, como apontam os registros dos pesquisadores da Universidade Estadual do Arizona, feitos na hora de colocar os dispositivos de geolocalização.

Biólogos descobrem caso raro em que um tubarão-sardo, de 2 m, é devorado por outro ainda maior no Atlântico (Imagem: James Sulikowski/Arizona State University)

Embora a espécie seja normalmente grande, há outros tubarões maiores nas águas do Oceano Atlântico, onde o ataque ocorreu. São os casos do tubarão-mako (Isurus oxyrinchus) ou ainda do temido tubarão-branco (Carcharodon carcharias). Ambos podem ultrapassar os 4 metros de comprimento.

Inclusive, a hipótese defendida pelos autores é que tenha sido uma das duas espécies a responsável por engolir o tubarão “menor”. Entre eles, o predador mais provável é o tubarão-branco, já que passam mais tempo em profundidades de 400 a 600 metros.

Estudo sobre a caçada dos tubarões

A descoberta de que um tubarão gigante foi engolido por outro maior ainda foi algo totalmente acidental, durante a pesquisa. O foco da equipe de biólogos era entender o comportamento dos tubarões-sardo nas águas do Atlântico. Para isso, foram instalados apetrechos de monitoramento em 11 tubarões fêmeas, entre 2020 e 2022.

Cada animal foi equipado com dois dispositivos, fixados como “etiquetas” na nadadeira ou na barbatana. O primeiro enviava informações em tempo real sobre quando o tubarão subia até a superfície e apontava a sua geolocalização. O outro coletava dados sobre a profundidade e a temperatura das águas em que o animal navegava, mas, neste caso, as informações seriam somente enviadas após um período pré-determinado, quando o dispositivo se desprenderia e voltaria (“boiando”) até a superfície. Aqui, os animais são soltos, após a fixação dos dispositivos:

 

De forma atípica, o dispositivo do animal atacado, que media a temperatura e a profundidade, enviou os dados após 158 dias do início do experimento — a expectativa era receber essas informações após um ano.

Ao analisar as informações, a equipe de pesquisadores observou que a fêmea nadou, durante cinco meses, a uma profundidade entre 100 e 200 metros à noite e entre 600 e 800 metros durante o dia, em águas com temperatura entre 6,4 °C e 23,5 °C.

No entanto, a partir do dia 24 de março de 2021, a temperatura média do entorno do tubarão foi de aproximadamente 22 °C, a uma profundidade que poderia variar entre 150 e 600 metros, o que é algo “impossível”. Essa situação se manteve por quatro dias. 

A explicação encontrada pelos autores é que o animal foi devorado por outro e, naquele momento, o dispositivo tinha sido engolido, o que explica a temperatura constante. Com base nos hábitos de vida das criaturas da região, surgiu a hipótese do algoz ser outro tubarão ainda maior, como um tubarão-branco. As orcas foram descartadas da investigação.

Vale lembrar que, se considerarmos o canibalismo como a “prática” de indivíduos se alimentarem de outros da mesma espécie, o episódio raro no Oceano Atlântico não pode ser enquadrado por esta definição. Afinal, o incidente envolveu animais de espécies diferentes.

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