No mundo, o número de pessoas com a doença Parkinson deve triplicar nos próximos 20 anos. Diante desse crescimento sem precedentes nos casos da doença neurodegenerativa, os cientistas buscam possíveis explicações que justifiquem o fenômeno. Aparentemente, a poluição do ar é um dos fatores de risco, segundo pesquisa recém-publicada na revista revista JAMA Network Open.

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  • Como as queimadas prejudicam a saúde, segundo especialista

No estudo, os pesquisadores da Mayo Clinic e do University of Kansas Medical Center, nos EUA, investigaram a relação entre a exposição ao ar poluído e o desenvolvimento do Parkinson anos mais tarde. A análise focou no contato com dois principais poluentes: material particulado fino de até 2,5 mícrons (MP2,5) e dióxido de nitrogênio (NO2).

A conclusão do grupo é que inalar poluentes atmosféricos com frequência aumenta o risco da doença associada aos tremores e aos espasmos. Afinal, a condição se desenvolve a partir de uma combinação de fatores genéticos e ambientais, que começa a ser melhor compreendida pela ciência.


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Recentemente, outro grupo de cientistas da University College London (UCL), no Reino Unido, destacou 14 fatores de risco para as demências, o que inclui o Parkinson. Nesta lista, a exposição à poluição do ar e o tabagismo foram listados como problemáticos. A fumaça das queimadas também pode ser prejudicial.

Impacto da poluição do ar no cérebro

Conforme o quadro da doença de Parkinson avança, as células nervosas (neurônios) se deterioram em partes específicas do cérebro. Estas regiões são responsáveis por controlar o movimento do corpo. É por isso que os indivíduos podem apresentar tremores, rigidez e problemas na fala. 

Se a pessoa inalar sempre o ar poluído, o risco desse declínio tende a aumentar. “As partículas ultrafinas (≤0,1 µm) contidas no PM 2,5 podem cruzar a barreira hematoencefálica em humanos, levando à inflamação, estresse oxidativo e ativação da microglia, que são mecanismos potencialmente patogênicos para o desenvolvimento do Parkinson”, comentam os autores.

Ligação entre poluentes e Parkinson

Na pesquisa, os autores norte-americanos investigaram dados de 5,2 mil pessoas, incluindo aproximadamente 350 pacientes com Parkinson. A equipe tinha informações detalhadas sobre os níveis de poluição entre os anos de 1998 a 2019.

Estudo dos EUA descobre ligação entre respirar ar poluído e risco aumentado para doença de Parkinson (Imagem: Ella Ivanescu/Unsplash)

“A exposição ao MP2,5 e ao NO2 foi associada a aumentos estatisticamente significativos no risco de Parkinson e no risco de desenvolver discinesia [espasmos musculares que podem ocorrer na face, braços, pernas ou tronco]”, afirmam os autores. 

Inclusive, os voluntários que moravam em bairros com níveis mais elevados de poluentes na atmosfera tinham maiores riscos de desenvolver o quadro. “As populações metropolitanas tiveram 10% a 23% mais chances de DP [doença de Parkinson]”, destacam os pesquisadores.

Embora os resultados do estudo reforcem a importância de proteger as vias respiratórias e evitar, quando possível, viver em áreas muito poluídas, existem algumas limitações. O grupo investigado era de uma população predominantemente branca e não foram analisados o histórico de trabalho. Algumas profissões podem ter níveis de exposição maiores que outros. Então, estudos futuros ainda são necessários para compreender as variáveis envolvidas no aumento global de Parkinson.

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