O Brasil enfrenta uma crise hídrica histórica, o que até reacendeu o debate pela volta do horário de verão em novembro. Um dos símbolos dessa seca é o Rio Negro, que atingiu a menor cota da história em Manaus, no Amazonas. Nesta sexta-feira (4), foi atingida a marca de 12,66 m. É o nível mais baixo identificado desde o início do monitoramento, em 1902, há 122 anos. 

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Os dados sobre o recorde histórico de nível baixo do Rio Negro, em meio à seca na Amazônia, foram divulgados pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). Segundo os especialistas, os níveis devem baixar mais nos próximos dias, se a atual tendência for mantida.

Até então, o recorde tinha sido estabelecido no ano passado, quando a cota do Rio Negro chegou a 12,7 m. A redução é impressionante, ainda mais quando se lembra que este é o maior rio em extensão na Bacia Amazônica e um dos maiores rios do mundo em volume de água.


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Seca histórica e recorde no Rio Negro

O processo de vazante do Rio Negro deve ainda continuar ao longo do mês de outubro até que a onda de cheia se estabeleça”, afirma Andre Martinelli, gerente de Hidrologia e Gestão Territorial da Superintendência Regional de Manaus, em nota do SGB.

Seca no Rio Negro é a maior da história, o que coloca em risco toda a Bacia Amazônica (Imagem: Çağlar Oskay/Unsplash)

Apesar disso, há uma boa notícia. A intensidade das descidas está diminuindo. “Saímos de um patamar de descidas de 23 cm por dia para 14 cm diários e 11 cm, nesta sexta”, comenta o especialista Martinelli.

O problema está ligado às mudanças climáticas. “Os anos de 2021 e 2022 foram marcados por grandes cheias, enquanto os de 2023 e 2024 por grandes secas. É um indicativo de que os [eventos climáticos] extremos estão mais frequentes”, pontua Artur Matos, coordenador nacional dos Sistemas de Alerta Hidrológico do SGB.

Na seca do ano passado, ocorreu a morte em massa de dezenas de botos-cor-de-rosa e tucuxis (tipo de golfinho de água doce). A situação ficou concentrada no Lago de Tefé, no interior do estado. Até o momento, episódios do tipo não foram observados na atual crise hídrica.

Situação no Amazonas

Com a seca e o recorde de nível baixo do Rio Negro, a Defesa Civil estima que mais de 745 mil pessoas são afetadas negativamente pela estiagem no estado. Isso equivale a 187 mil famílias prejudicadas. 

No momento, todos os 62 municípios estão em estado de emergência. Por lá, a fumaça e os focos de incêndio persistem e agravam o momento de crise.

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