Não é novidade que o mercado cinematográfico brasileiro enfrentou um de seus piores momentos em 2019, quando centenas de salas do país precisaram fechar suas portas temporariamente devido à pandemia da Covid-19.
Desde então, o setor vem se recuperando lenta e gradualmente; uma retomada que, de acordo com previsões da indústria, já deveria ter corrido quase totalmente, com as bilheterias de todo o país registrando números parecidos aos da pré-pandemia.
Esse cenário, no entanto, está longe de ser o atual. De acordo com dados divulgados pela Variety, as vendas de ingresso no Brasil vêm de fato crescendo lentamente. Mas a falta de blockbusters estrangeiros, reflexo da greve dos atores e roteiristas de Hollywood, desacelerou a recuperação em 2024.
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Greves em Hollywood atrasaram retomada pós-covid
De acordo com dados da Ancine revelados em uma reportagem para a Variety na última sexta-feira (4), as vendas de ingressos no Brasil foram de cerca de R$ 214 milhões no auge da pandemia, em 2020. Uma queda trágica em relação aos quase R$ 949 milhões somados em 2019.
Ao longo dos três anos seguintes, no entanto, as vendas de ingressos lentamente recuperaram-se, chegando a R$ 625 milhões em 2023 e finalmente tendo previsões quase de retorno total em 2024, com valores próximos aos da pré-pandemia.
Entre 1º de janeiro e 25 de setembro de 2024, porém, os cinemas brasileiros somaram apenas R$ 499 milhões em ingressos vendidos, com um crescimento de apenas 1,6% em relação ao mesmo período de 2023.
De acordo com a reportagem, o lento crescimento tem relação direta com os problemas enfrentados na indústria norte-americana no ano passado, quando os atores e roteiristas de Hollywood entraram em greve ao mesmo tempo, paralisando o mercado por quase quatro meses.
O Brasil, que assim como a América do Sul em geral tem uma dependência muito grande de conteúdos feitos nos Estados Unidos, sente agora as consequências dessa suspensão. As gravações hollywoodianas recomeçaram em julho do ano passado, e, ainda assim, impactaram toda a cadeia de lançamentos dos cinemas e plataformas de streaming.
Para ter ideia, segundo Marcelo Lima, CEO da Tonks, organizadora da Expocine – principal evento do mercado de cinema da América Latina –, ainda deve levar entre dois e três anos para que o lançamento de blockbusters volte à sua capacidade total nos Estados Unidos. Um período que, infelizmente, também deve impactar no mercado brasileiro e, por consequência, na sua recuperação total em lucratividade.
Bilheterias nacionais reagem às greves de 2023
Apesar da desaceleração em Hollywood, isso não significa que os cinemas brasileiros não tiveram sua parcela de grandes lançamentos nos últimos meses.
Vale lembrar que 2024 viu alguns fenômenos de bilheteria no Brasil como Duna: Parte Dois, que arrecadou mais de R$ 30 milhões nos cinemas nacionais; Deadpool & Wolverine, que, mesmo com classificação indicativa para mais de 18 anos, faturou mais de R$ 44,9 milhões no país; e Divertida Mente 2, animação da Pixar que se se tornou a maior bilheteria de todos os tempos por aqui, somando R$ 360 milhões.
Além disso, o último trimestre do ano ainda promete a chegada de alguns longa-metragens bastante aguardados, como Gladiador 2, de Ridley Scott, que chega aos cinemas em 14 de novembro; Moana 2, sequência da famosa animação da Disney, que desembarca nas telonas em 28 de novembro; e Mufasa: O Rei Leão, prólogo do live action de Rei Leão, previsto para 19 de dezembro.
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