A Academia Real das Ciências da Suécia anunciou, nesta segunda-feira (7), que a dupla de cientistas Victor Ambros e Gary Ruvkun ganhou o prêmio Nobel de Medicina 2024. Os norte-americanos foram premiados pela descoberta do microRNA. São pequenas moléculas de RNA com a função de regulação genética, capazes de orientar que uma célula se torne um neurônio no lugar de uma célula muscular.

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Os microRNAs estão presentes em todos os organismos pluricelulares, incluindo os humanos. No entanto, essa “ferramenta” fundamental para formas de vida complexa somente foi descoberta em 1993, com a publicação do primeiro artigo científico sobre o tema. Na época, existia bastante ceticismo por parte da comunidade científica.  

Nesta pesquisa inicial, os ganhadores do Nobel verificaram a presença do microRNA em vermes microscópicos, com menos de 1 mm, da espécie Caenorhabditis elegans. Anos depois, foi observado o mesmo princípio em outras espécies, tornando esta uma teoria bastante aceita.


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Descoberta do microRNA

Para entender o projeto vencedor do prêmio Nobel de medicina, é preciso voltar algumas casinhas no jogo da vida. Os cromossomos são um complexo manual de instruções para todas as células do corpo. 

Pela descoberta do microRNA e da regulação genética, Victor Ambros e Gary Ruvkun recebem o prêmio Nobel de medicina de 2024 (Imagem: Mattias Karlén/The Nobel Committee)

Para ser preciso, todas as células possuem os mesmos cromossomos, as mesmas instruções e os mesmos genes. No entanto, algumas células desenvolvem funções muito diferentes, como as nervosas e as musculares.  

Se todas seguem o mesmo manual de instruções, parece ser impossível a diferenciação entre as células. Por exemplo, todas teriam que ser neurônios. Aí, entra a importância da descoberta de Victor Ambros e Gary Ruvkun. Segundo os autores, a resposta está na regulação genética, feita pelos microRNAs. Ela permite que cada célula “selecione” apenas as instruções relevantes, garantido que apenas o conjunto correto de genes esteja ativo em cada tipo de célula.

Desde as descobertas do começo dos anos 1990 até hoje, já foram identificados mais de mil microRNAs fundamentais para a regulação genética em organismos multicelulares. É esse mecanismo que permite a existência de células tão diferentes no corpo humano.

Inclusive, um único microRNA pode regular a expressão de muitos genes diferentes, o que implica na inibição da síntese de proteínas ou na degradação do mRNA em redes inteiras de genes, dependendo de uma série de fatores. É por isso que a genética é tão complexa.

Quando a regulação genética intermediada pelos microRNAs dá errado, diferentes doenças podem surgir, como câncer, diabetes e condições autoimunes.

Cientistas Victor Ambros e Gary Ruvkun

Os dois cientistas que receberam o prêmio Nobel de medicina pela descoberta do microRNA nasceram nos Estados Unidos. Com 72 anos, Gary Ruvkun é professor de genética na Universidade Harvard e também atua no Departamento de Biologia Molecular do Hospital Geral de Massachusetts. Enquanto isso, Victor Ambros tem 71 anos e é professor de Ciências Naturais da Universidade de Medicina de Massachusetts. Também é pesquisador em Harvard. 

Apesar das inúmeras coincidências em suas carreiras e terem dedicado anos de estudo sobre um mesmo tema, Ruvkun e Ambros não são membros de uma mesma equipe e trilharam os seus caminhos na ciência de forma complementar apenas.

Prêmio Nobel de medicina 2024

Como parte do prêmio Nobel de medicina, os pesquisadores Ambros e Ruvkun receberão 11 milhões de coroas suecas (cerca de 5,8 milhões de reais), além de certificados. Cada um receberá uma medalha de ouro de 18 quilates por sua contribuição em prol da ciência e da medicina.

Vale lembrar que, no ano passado, a bioquímica húngara Katalin Karikó e o médico estadunidense Drew Weissman receberam o Prêmio Nobel em Fisiologia ou Medicina de 2023 pelo desenvolvimento das vacinas de mRNA (RNA mensageiro) usadas para controlar a pandemia da covid-19.

Durante esta semana, os ganhadores das outras categorias serão divulgados pela academia sueca, incluindo o Nobel de Física, Química, Literatura, Paz e Economia.

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