Em uma pesquisa feita em laboratório, cientistas descobriram que criaturas chamadas ctenóforos — cujo nome popular é carambolas-do-mar, águas-vivas-de-pente ou pentes-do-mar — conseguem fundir seus corpos e virar um só ser, um verdadeiro monstro de Frankenstein dos seres vivos.
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O achado, capitaneado por britânicos da Universidade de Exeter, foi por acaso, observando a espécie Mnemiopsis leidyi (nozes-do-mar, no nome popular) em cativeiro. Ao cutucar um curioso indivíduo com a aparência de dois pentes-do-mar grudados, ambos os “lados” reagiram, mostrando que o sistema nervoso foi de fato integrado. Veja:
A fusão das carambolas-do-mar
Além de notar a junção dos sistemas nervosos, os cientistas verificaram a união do sistema digestivo dos ctenóforos — a criatura unida possui duas bocas e dois ânus. Quando uma das bocas ingere alimento, o material digerido é transportado para o trato digestivo do vizinho. Os dejetos produzidos são expelidos por ambos os ânus, curiosamente em momentos diferentes.
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Algumas espécies ctenóforas possuem grandes habilidades regenerativas, como as nozes-do-mar. Geralmente pesquisas envolvendo as criaturas tratam de cura de feridas, e estudos anteriores mostraram que tecidos enxertados se integram ao novo portador com facilidade.
Com base nisso, os pesquisadores testaram a habilidade de fusão ao cortar um dos lados de vários indivíduos de carambola-do-mar e isolá-los em pares por uma noite inteira. No dia seguinte, nove dos dez pares de M. leidyi se uniram em um só corpo.
De início, cada membro da criatura fundida ainda se movia independentemente, mas, duas horas após a existência unida, a maioria das contrações musculares já estava sincronizada. Isso sugere que a rede neural simples da espécie já havia se integrado entre os indivíduos.
Ainda não se sabe se as carambolas-do-mar realizam o feito com naturalidade ou facilidade no mar, já que os ctenóforos flutuam em meio aos plânctons da superfície ao fundo do mar, e encontrar um par pode ser difícil. Mesmo assim, os cientistas vêem as vantagens evolutivas do comportamento facilmente, já que a fusão permite uma recuperação mais rápida do que a regeneração de membros.
Os ctenóforos fundidos seguiram saudáveis e vivendo normalmente três semanas após a união. Eles são predadores, e, apesar de um dos nomes populares os compararem a águas-vivas, sua relação genética é muito distante. Sua linhagem é antiquíssima, sendo as criaturas fortes concorrentes para serem consideradas os seres multicelulares mais antigos da Terra.
Sua habilidade de se juntar pode ser por conta da falta do mecanismo de reconhecimento de si — chamado de alorreconhecimento, ele é responsável por dificultar transplantes de sangue e de órgãos nos humanos, por exemplo.
Os cientistas acreditam que os genes necessários para o alorreconhecimento estejam faltando na espécie, mas pesquisas futuras deverão comprovar a veracidade da teoria, bem como revelar os mecanismos por trás da conexão tão efetiva dos seres.
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