Quase imperceptível a olho nu, as pulgas-d’água têm uma importância para a natureza que ninguém, olhando para elas, poderia imaginar. Também chamadas de dáfnias (por conta do nome científico Daphnia pulex), elas são crustáceos microscópicos classificados como uma tipo de zooplâncton, e seu estudo é importantíssimo para entender a evolução.
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Elas vivem em ambientes de água doce por todo o mundo e possuem incrível capacidade de adaptação. No meio ambiente, são alimento de diversos invertebrados e vertebrados e mantêm as algas em cheque, cujo crescimento exagerado pode tornar as plantas aquáticas numa praga, afetando severamente a economia humana.
Já em laboratório, as pulgas-d’água são um “organismo modelo”, ou seja, estudado para entender fenômenos biológicos específicos. Elas foram o primeiro crustáceo a ter o genoma sequenciado por completo, em 2011, e possuem mais genes do que nós, humanos. Como se reproduzem por clonagem de maneira assexuada, sua variação genética é muito intrigante à ciência.
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A incrivelmente rápida evolução das pulgas-d’água
Um grupo formado por cientistas da Universidade do Arizona, Universidade Normal da China Central e Universidade de Notre Dame estudou quase 1.000 indivíduos de pulga-d’água para descobrir como funciona a seleção natural em seus genes individuais ano após ano. Surpreendentemente, há flutuações significativas nas variantes genéticas (alelos) mesmo em condições estáveis para os pequenos animais.
A mudança mais rápida do que o esperado em um ambiente laboratorial controlado pode ser a chave para adaptação do organismo microscópico em um mundo em constante mudança. Como possuem um ciclo reprodutivo rápido e são sensíveis a poluentes, as dáfnias costumam ser usadas para testar a toxicidade da água doce.
Os pesquisadores observaram os espécimes por dez anos, notando como seus genes se comportam — aparentemente, as pressões evolutivas causaram mudanças genéticas neles, mas as mutações cancelaram uma à outra.
Isso quer dizer que não houve um traço dominante que influenciou sua evolução e levou a grandes mudanças, mostrando aos cientistas que a evolução da espécie (e provavelmente de outros animais) funciona de forma mais sutil e rápida do que pensávamos.
Isso desafia a noção comum de que a diversidade e divergência genéticas são as únicas evidências das pressões evolutivas, e mostra que os organismos conseguem reter diversidade genética em sua população ao mesmo tempo que se preparam para adaptações rápidas quando necessário.
É impossível recriar pressões evolutivas em laboratório com perfeição, então estudar as funções usadas pelas espécies para evoluir, mesmo que seja feito em ambientes controlados, pode nos ajudar a entender como a adequação para adaptação na natureza funciona. No futuro, isso poderá levar os pesquisadores a tornar alguns organismos mais resistentes, protegendo partes importantes da cadeia alimentar.
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