A Ford Ranger Black 2025 estreou no Brasil por R$ 220 mil e deve ser um veículo de uso mais “urbano”, nas palavras da própria Ford. Mas como será que ela se comporta na prática?
- Clique e siga o no WhatsApp
- Os 10 carros mais icônicos da Ford
- Dedo-duro? Carros da Ford poderão “denunciar” quem exceder velocidade
A Ford Ranger Black será também uma versão para vender bastante e ajudar a empresa a seguir sua investida contra a líder de mercado Toyota Hilux.
Os executivos da Ford afirmam que a atual geração da Ranger, lançada no Brasil em 2023, é um modelo que vende demais em suas versões de topo de gama, equipadas com motor V6 diesel, tração integral e muita tecnologia de conforto, conectividade e segurança a bordo.
–
Entre no Canal do WhatsApp do e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.
–
Só que isso não se traduz em volume, já que a variante é cara, um dos principais “contras” da atual geração da Ranger, bem como de praticamente todas as picapes médias atuais. Para comparar, a Hilux Cabine Dupla STD (configuração inicial, de trabalho) parte de R$ 243 mil, mesmo patamar da Ranger XL (também para o batente) que sai por R$ 245 mil.
Já as versões mais completas passam dos R$ 350 mil: a Hilux SRX Plus custa R$ 33 mil, com a Ranger Limited + Kit de Opcionais saindo a R$ 352 mil.
Tirando vendas de SUVs e picapes intermediárias
Com seu preço de etiqueta, a Ranger Black pode atrair pessoas que nunca pensaram em ter uma picape média, capaz de transportar 1 tonelada de carga, ao mesmo tempo em que permite viagens de final de semana e dão bastante espaço na cabine.
São clientes que atualmente se valem de SUVs compactos premium ou que fazem picapes intermediárias, como Fiat Toro e RAM Rampage, venderem demais — o modelo da marca italiana vende mais que a Hilux, inclusive.
Esse é o sonho da Ford com a Ranger, mas há concessões no projeto para conseguir reduzir tanto o preço — R$ 20 mil para as versões básicas de trabalho, até R$ 130 mil para a mais completa da linha. E a Ranger Black abre mão do motor mais forte, da suspensão mais refinada, de acabamento premium e até de parte da tecnologia.
Mas o que entrega, de fato, ao cliente? Eu andei na Ford Ranger Black em um percurso de cerca de 100 quilômetros, misturando trechos urbanos e rodoviários, em trajetos de ida e volta, entre o centro histórico de Salvador e o Centro de Pesquisa e Tecnologia da Ford de Camaçari, ambas cidades da Bahia, para entender se a picape pode entregar a missão.
Como é a Ford Ranger Black?
De cara, um acerto gigante da Ford Ranger Black está no visual, que em nada lembra a versão XL de trabalho e a coloca em par com tudo o que picapes intermediárias oferecem, por exemplo.
A referência aqui é a intermediária XLS. Faróis de LED em forma da letra C, rodas de 18 polegadas, nome Ranger em baixo relevo na tampa da caçamba, tudo aqui aponta para as versões mais caras da picape. A Ford sequer coloca um adesivo com o nome da versão na carroceria, que é para não dar bandeira de que se trata da configuração mais em conta.
Só dá para dizer que é a Ranger Black pelos detalhes escurecidos: grade frontal, retrovisores, as rodas, santantônio e para-choque traseiro.
Por dentro, as diferenças são mais perceptíveis: o teto é de tecido preto, algo que não ocorre com nenhuma outra Ranger. Dá, segundo o marketing, uma aura premium e mesmo esportiva para a picape.
Mas, na verdade, também passa uma sensação claustrofóbica na cabine, algo desnecessário para um veículo com 2,20 m de largura e entre-eixos de 3,22 m. A Toro usa esse recurso em suas versões de topo, mas lá o espaço realmente é menor (1,84 m de largura, 3,0 m de entre-eixos), então tem-se apenas o ganho da impressão premium.
O revestimento também é todo endurecido, mas tem bons encaixes. O banco usa tecido emboçado, com texturas no encosto que lembram marcas de pneu e parecem feitas de polímero, solução bastante usada em séries especiais de carros de passeio compacto. É ali que está o nome da versão, na inscrição Black perto do encosto de cabeça.
Há até um mimo, que fica meio confuso na Ranger Black atual: a Ford coloca uma parte da frase atribuída a Henry Ford (“contanto que seja [na cor] preta”) quando criou o sistema de linha de produção para o calhambeque Ford T, simplificando o processo de fabricação ao máximo. Só o motorista pode ler a frase, que está em inglês.
Confuso porque, nesta edição 2025, a Ranger Black pode ter carroceria não só preta, mas branca (como a cor da unidade testada), prata, cinza e até azul, tudo para se diferenciar e não perder clientes – ou vendas.
Há ainda outro mimo que já deve ter acabado, no momento em que você estiver lendo essas linhas: protetor de caçamba e capota marítima rígida, com acionamento elétrico, para as 100 primeiras compras.
Simplificações
O painel de instrumentos e tela central vertical são uma marca registrada da Ranger atual. Mas, no caso da Black, essas telas digitais são menores (8 e 10 polegadas, respectivamente) e com menos recursos. Nada que atrapalhe o uso, já que os benefícios de conectividade do sistema Sync estão lá, incluindo carregamento de celular por indução e ambientes Android Auto e Apple Carplay, bem como a boa leitura.
Único senão fica por conta do ar-condicionado simples, sem a graduação precisa. Ou ainda a falta de alguns recursos mais avançados de Adas, já que a Black só tem câmera e sensor de ré, assistente de rampa e piloto automático comum.
Mas o trunfo da Ford Ranger Black está na movimentação.
Como anda a Ford Ranger Black?
Equipada com o motor Panther 2.0 Turbo Diesel, 140 cavalos, 41,2 kgf/m, pareado ao câmbio automático de 6 marchas, a Ranger Black poderia andar como uma picape média básica.
Ou seja, fazendo aquele roncadinho de motor diesel, também com a típica vibração, que começa a incomodar depois de algumas horas no trânsito, por exemplo, em situações de viagem.
Só que o isolamento da Black 2025 é primoroso. Não só ruídos do motor, bem como do tráfego, são amplamente bloqueados. Até mesmo vibrações só se fazem sentir nos raros momentos em que se ultrapassa as 3 mil rpm, como em ultrapassagens.
No geral, a picape se mantém na faixa dos 1.500, 1700 giros, e com isso roda suave. É bom ressaltar aqui, como raramente sentimos a rival Hilux rodar. Único senão é que o motor parece “acabar” após o limite dos 3600 rpm, mas também não é necessário esgoelar o motor de uma picape diesel. Quem pede isso sabe que o objeto de desejo é a V6 ou até mesmo a Raptor.
Outra concessão da Ford acaba ficando bem no projeto. A suspensão traseira não é multibraços, o que vale muito a pena em caso de rebocar outros veículos enfrentar um off-road realmente pesado ou levar bastante carga, mas também encarece fabricação e manutenção.
Usando feixe de molas, a Ranger tem projeto mais barato, mas ainda consegue transportar 1 tonelada de carga. O bônus é sofrer menos em lombadas, valetas e com buracos do ambiente urbano, como carros de passeio convencionais. Ou, de novo, com a Fiat Toro.
Só a ausência da tração integral acaba sendo mais sentida, mas a Ford acredita que o perfil do comprador da Ranger Black não vai precisar desse recurso. Já estará satisfeito com mais espaço na cabine, com capacidade de carga e com a possibilidade de enxergar o trânsito de uma posição mais alta, posição que nem SUVs compactos, nem picapes intermediárias permitem.
Leia mais matérias no ItechNews .