Em um avanço significativo para o programa espacial da SpaceX, a Starship, considerada a nave mais poderosa do mundo, completou seu segundo voo bem-sucedido neste domingo (10). O lançamento ocorreu a partir da base de Boca Chica, no Texas (EUA), por volta das 09h30 (horário de Brasília) e tinha como principal objetivo testar a capacidade de recuperação do propulsor Super Heavy na base de lançamento — algo inédito até então.

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Além disso, a missão previa uma viagem de cerca de 1 hora ao redor da Terra, com reentrada controlada da nave e mergulho no Oceano Índico — tudo executado com sucesso.

O teste bem-sucedido representa um marco crucial para a SpaceX, que busca aprimorar a reutilização de seus propulsores, um fator vital para reduzir custos e aumentar a eficiência em missões espaciais. A Starship, projetada para transportar grandes quantidades de carga e tripulação, é vista como a peça central para futuros projetos de exploração espacial, incluindo missões à Lua, Marte e além.


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Como foi o 2º voo da Starship

A missão de hoje começou com a decolagem do propulsor Super Heavy às 10h45 (horário local). A Starship levantou voo em direção à atmosfera em uma operação que durou cerca de 8 minutos até a separação dos estágios.

 

O Super Heavy, encarregado de proporcionar a força inicial para superar a gravidade terrestre, completou sua missão com sucesso e executou uma das manobras mais desafiadoras e inovadoras até hoje: o retorno controlado à base de lançamento e sua recuperação por meio de braços mecânicos posicionados na torre da plataforma.

Esta foi a primeira vez que vimos este feito ser realizado: os “braços mecânicos” — conhecidos como Mechazilla — capturaram o Super Heavy no ar, evitando que ele tocasse o solo, em uma tentativa de minimizar o desgaste estrutural e acelerar o tempo de relançamento. Logo após a separação, a parte superior da Starship continuou sua trajetória, completando com sucesso seu ciclo de teste em órbita baixa, para depois reentrar na atmosfera e pousar em segurança no Oceano Índico.

Reentrada da Starship depois de viajar ao redor da Terra por cerca de 1 hora (Imagem: Reprodução/SpaceX)

A missão completa durou aproximadamente 1 hora e 15 minutos e foi marcada pelo alto nível de precisão nas operações automatizadas de recuperação.

Como foram os testes da Starship

Desde 2019, a Starship passou por uma série de testes, cada um deles trazendo importantes avanços para o projeto. Veja o histórico dos principais:

2019: Starhopper

Primeiro teste com um protótipo em escala reduzida, o Starhopper executou voos curtos e testes de decolagem e pouso controlados. Foi um avanço fundamental para validar a viabilidade do projeto.

2020-2021: Testes SN (Serial Number)

Entre os modelos SN5, SN6, SN8 e SN9, a SpaceX realizou saltos suborbitais, com destaque para o SN8, que alcançou 12,5 km de altitude. Esses voos foram essenciais para testar a aerodinâmica da nave e as manobras de descida, culminando em tentativas de pouso controlado, que, embora falhas inicialmente, resultaram em dados críticos.

2021: SN15

O SN15 foi o primeiro protótipo a realizar um voo de teste bem-sucedido com pouso controlado, marcando um grande passo na tecnologia de pouso autônomo.

2022-2023: Testes com o Super Heavy

A SpaceX iniciou os testes com o Super Heavy, o gigantesco propulsor que impulsiona a Starship para a órbita. Embora algumas tentativas tenham terminado em explosões, cada uma trouxe refinamentos nos sistemas de propulsão e controle de voo.

Abril de 2023: Primeiro voo completo

O primeiro voo orbital da Starship foi parcialmente bem-sucedido, com a nave atingindo o espaço, mas falhando em realizar a fase final de separação e pouso. Mesmo assim, o teste representou um marco na história do programa.

Outubro de 2024

Segundo voo completo com manobra inédita – No voo deste domingo, além de completar a missão com sucesso, a SpaceX realizou uma manobra inédita, com o propulsor Super Heavy sendo “abraçado” por braços mecânicos na torre de lançamento. Esse feito pode revolucionar a maneira como foguetes reutilizáveis são recuperados.

Starship: a nave mais poderosa do mundo

Equipada com 33 motores Raptor, a Starship tem capacidade de empuxo inigualável e consegue alcançar destinos além da órbita terrestre com cargas significativas. Com 120 metros de altura quando combinada com o propulsor Super Heavy e 9 metros de diâmetro, a nave é capaz de transportar até 150 toneladas de carga ou até 100 tripulantes em um único lançamento.

Além das missões à órbita terrestre, a Starship foi projetada para missões mais ambiciosas. A curto prazo, a NASA planeja utilizar a nave como parte de seu programa Artemis, que visa levar astronautas de volta à Lua até 2025.

Nave mais poderosa do mundo, Starship promete revolucionar o transporte aeroespacial quando concluir todos os testes (Foto: Reprodução/SpaceX)

A longo prazo, o objetivo da SpaceX é que a Starship seja a principal nave para a colonização de Marte, cumprindo o sonho de Elon Musk de tornar a humanidade uma espécie multiplanetária.

A nave também foi projetada com a ideia de ser completamente reutilizável, um fator crucial para reduzir os custos das missões espaciais. A capacidade de reutilizar tanto o propulsor Super Heavy quanto a Starship várias vezes é o que diferencia este projeto de qualquer outro sistema de lançamento existente, permitindo que as viagens ao espaço sejam realizadas com uma frequência e um custo sem iguais.

Com o sucesso desse segundo voo e as inovações de recuperação, a Starship está cada vez mais próxima de ser uma realidade operacional, abrindo novos horizontes para a exploração espacial.

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