Em uma reviravolta na geologia, cientistas podem ter descoberto que a lava presente em todo o mundo veio de um mesmo magma ancestral, preservado na camada média da Terra, o manto. Aparentemente, ele é mais uniforme do que se pensava, com as diferenças em composição da lava vindo do trajeto até a superfície.

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Comparativamente, é como pensar que, ao invés de ser uma “sopa” de composições rochosas diferentes em cada região, o manto é mais como um shake de frutas, bem misturado e mais ou menos igual por toda sua extensão. O manto seria, então, bem mais simples do que a ciência concluía. O estudo em questão foi feito por cientistas da Universidade de Columbia.

O manto e o magma ancestral

Com a nova constatação, as estruturas percebidas nas profundezas no manto não seriam sinais de tipos diferentes de rocha, mas sim diferenças de temperatura nos mesmos tipos de mineral. A pesquisa analisou centros de atividade de lava, que se manifesta como plumas ascendentes que chegam até a superfície através de vulcões.


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Embora sejam diferentes na superfície, as porções de lava de vulcões espalhados pelo mundo vieram do mesmo magma ancestral, segundo estudo (Imagem: joebelanger/envato)
Embora sejam diferentes na superfície, as porções de lava de vulcões espalhados pelo mundo vieram do mesmo magma ancestral, segundo estudo (Imagem: joebelanger/envato)

Locais de alta atividade vulcânica incluem a Islândia, o Havaí e Samoa — e cada local possui sua própria “variedade” de lava, com elementos específicos. Acreditava-se que o manto tinha vários reservatórios diferentes, cada um com seu tipo de rocha, que não se misturavam ou demoravam muito tempo para fazê-lo.

Com os modelos gerados no estudo, no entanto, mostrou-se que o manto mistura as rochas eficientemente, com o magma sendo igual na sua geração nas profundezas e se diferenciando no caminho ascendente.

Não há como observar o manto inferior diretamente, mas os centros de atividade vulcânica possuem, cada um, sua própria assinatura química, que nos informa sobre sua história. Com três elementos — níquel, nióbio e cromo — é possível saber a idade da substância.

Analisando níquel, nióbio e cromo, pesquisadores notaram que é possível saber a idade do magma que chegou a cada vulcão (Imagem: pierre c. 38/CC BY-NC-SA 2.0)
Analisando níquel, nióbio e cromo, pesquisadores notaram que é possível saber a idade do magma que chegou a cada vulcão (Imagem: pierre c. 38/CC BY-NC-SA 2.0)

Cada um se comporta de maneira diferente à medida que a lava sobe: o níquel é incorporado em cristais, então porções líquidas possuem poucas concentrações dele, enquanto o cromo faz o mesmo, mas em ritmo diferente, e o nióbio tende a ficar líquido. Observando suas proporções, é possível saber qual lava passou por mais mudanças desde a origem e qual é mais próxima ao magma ancestral do manto.

Centros de atividade por todo o mundo apresentaram as mesmas tendências elementais, mostrando que cada lava é diferente não porque vieram de locais diferentes, mas porque mudaram em seu caminho até a erupção por conta das rochas do manto superior e da crosta.

O manto profundo, no entanto, segue um mistério, com alguns especialistas crendo que as estruturas estranhas perto do núcleo sejam rochas espaciais antigas, e outros, pedaços da crosta antiga da Terra levados pela subducção das placas tectônicas.

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