Chegou ao catálogo da Max nesta sexta-feira (18) a 5ª temporada de Irmão do Jorel. A nova leva de episódios, que também será transmitida a partir do dia 21 de outubro pelo Cartoon Network, marca os dez anos da produção, a primeira animação original do canal feita no Brasil e na América Latina.
Criada por Juliano Enrico e vencedora de um pitching promovido pelo Cartoon Network em 2009, a série conta a história do irmão do Jorel, um garotinho de oito anos tímido, mas muito curioso, conhecido dessa maneira devido à popularidade do irmão mais velho.
Divertido e cheio de imaginação, irmão do Jorel vive grandes aventuras ao lado de sua família e amigos, ao mesmo tempo em que descobre mais a respeito do mundo e de sua própria identidade enquanto enfrenta os primeiros obstáculos da vida.
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De fotos antigas a uma animação de sucesso
Uma das animações mais longevas e populares do país, Irmão do Jorel surgiu inicialmente como uma história em quadrinhos, criada por Juliano ainda na época em que desenhava tirinhas para a Revista Quase.
Segundo o quadrinista, que também já foi VJ da MTV e um dos roteiristas do programa Choque de Cultura, a sua própria família serviu como inspiração inicial desse universo, que ganhou uma estética bastante autoral nos primeiros rabiscos.
“Adoro criar personagens, olhar em volta e trabalhar com a bizarrice e o surrealismo que existe no cotidiano. Às vezes a gente anda na rua e vê pessoas tão únicas”, contou o artista em entrevista exclusiva ao . “Gostava de fazer desenhos feios – ainda gosto. Não que a minha família seja feia, mas a minha família é cheia de características únicas. Então eu comecei a desenhar e trabalhar a ideia de fazer um quadrinho autobiográfico e autodepreciativo”.
Ao receber o investimento do Cartoon Network para transformar a história em uma animação de TV, Juliano se inspirou menos nas HQs e mais nas fotos antigas de sua família. O arquivo retratava de uma maneira muito brasileira os anos 1980 e 1990.
De acordo com o quadrinista, a estética de bolos enormes tortos, de jaquetas com ombreiras, de roupas de ginástica com polainas e do clássico cachorro caramelo serviram como base para as primeiras imagens da animação. Um universo de personagens e referências que ele acredita não ser exclusivo dos álbuns da sua casa.
“Na família de todo mundo tem pelo menos algum personagem do Irmão do Jorel”, reflete o autor.
A reinvenção faz parte do processo
Com a chegada na TV e o sucesso dos personagens – a disfuncional família do protagonista, que além do próprio Jorel conta ainda com os pais Vanuza e Edson, o irmão Nico e as vovós Gigi e Juju –, Irmão do Jorel foi renovada para uma segunda temporada, que ganhou mudanças significativas em relação ao primeiro ano.
“Nós estávamos encontrando ainda o design dos personagens, entendendo o que funcionava a longo prazo.”, explica Juliano. “Foi uma mudança drástica também para que pudéssemos encontrar uma forma mais viável de acertar nas poses e no sync (sincronização labial). [Uma maneira] de funcionar melhor em outros países para que tivéssemos uma aceitação do personagem sem perder as características que o tornam único.”
As alterações feitas em 2016, porém, não foram algo pontual na história da animação, que ao longo dos anos renovou-se em muitos aspectos. Segundo Juliano, esse é um trabalho que ele considera muito saudável na série com uma equipe que se permite fazer ajustes de tempos em tempos de acordo com o que achar necessário.
“A gente sempre repensa o design de algum personagem ou retrabalha as cores de algum cenário. Se formos ver da primeira temporada até a quinta, é possível enxergar claramente mudanças na paleta de cores”, explica o criador
Entre alguns exemplos, Juliano cita a sala de TV da vovó Givi, um ambiente inicialmente monocromático, que tornou-se mais colorido e saturado com o tempo.
Além disso, ele lembra de Billy Doidão, personagem que no início da série era adolescente, mas transformou-se em criança. Explicada na trama por meio de um feitiço, a mudança foi um caminho encontrado pela equipe para que Billy pudesse ter mais interações com o protagonista, deixando as cenas entre ele e irmão do Jorel mais divertidas.
O caminho percorrido por um episódio de Irmão do Jorel
Para quem tem curiosidade sobre a cadeia de produção de um episódio de Irmão do Jorel, Juliano explicou o passo a passo do processo, desde o momento de sua criação até a estreia na TV.
“Tudo começa com anotações acumuladas dentro de uma garrafa. Ali eu vou colocando as ideias que eu tenho ao longo dos anos, sejam de título ou episódios. A partir do momento em que a gente recebe o aval da Max, começamos a juntar os roteiristas e a jogar os papeis na mesa e escolher”, detalha.
Juliano conta então que, a partir dessas ideias, cria as sinopses – muitas vezes com a ajuda do também escritor Daniel Furlan, além de outros roteiristas. Embora já saiba o que deseja explorar na temporada, é nesse momento que o autor vai acrescentando e descartando ideias.
“Quando o estúdio libera a equipe para entrar em produção de animação, tem que haver uma quantidade mínima de roteiros prontos. […] Depois vem a gravação de voz. Às vezes o storyboard é feito enquanto a gente está gravando, às vezes antes de gravar. Temos então o animatic, que é quando junta storyboard, vozes dos personagens, efeitos sonoros, trilha sonora; tudo junto formando um sanduíche maravilhoso em que a gente tem o tempo de cada cena, o timing das piadas”, explica.
Por fim, o artista conta que o animatic é dividido em vários pedaços distribuídos pela equipe de animação, que se debruça em começar e terminar cada um dos episódios ininterruptamente.
“Ficamos então um mês escrevendo e um mês animando, pós-produzindo e gravando o episódio. E, ao longo de dezoito meses, fazemos uma temporada”, finaliza.
Um especial e uma nova temporada
Com mais de 100 episódios lançados, Irmão do Jorel tem muito o que comemorar. Além de um jogo lançado no ano passado, o Irmão do Jorel e o Jogo Mais Importante da Galáxia, no último mês a série ganhou um especial de dez anos, em que o irmão do Jorel e Gesonel – o mestre dos disfarces – tentam vender o seu próprio programa na Shostners & Shostners.
Dividido em quatro episódios, o especial utilizou técnicas de animação misturadas a fantoches. Algo que já havia acontecido pontualmente na TV, mas nunca foi a estética oficial da série.
“Estamos sempre querendo fazer alguma coisa diferente porque é muito empolgante para nós, que estamos fazendo uma série há tanto tempo, querer trazer novidades para o público e para nós mesmos. No Irmão do Jorel a gente sempre trabalha novas linguagens”, conta o roteirista
Além disso, com a estreia da quinta temporada, Juliano diz que os fãs podem esperar por episódios cheios de novidades, em que além de novos personagens e conflitos, o protagonista entra na pré-adolescência.
“Pela primeira vez na série nós assumimos que o tempo está passando para o personagem e ele realmente está fazendo nove anos”, diz o cartunista, que define a adolescência como esse lugar em que você não é jovem o suficiente para ser tratado como criança e nem velho o suficiente para ser tratado como adolescente.
“A gente vai ver o irmão do Jorel virando ginasta, chefe da própria família, arrumando uma nova melhor amiga e até levando a vovó Juju para a escola”, antecipa o criador.
Muito mais musical e com participações especiais, a quinta temporada de Irmão do Jorel já teve seus primeiros 11 episódios disponíveis na Max. Ao todo, a season contará com 23 episódios também transmitidos pelo Cartoon Network.
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