Os humanos convivem com algumas doenças há milhares de anos, sendo que determinados vírus e bactérias continuam a ser potencialmente mortais em alguns casos. Aqui, o tempo não deve ser encarado como sinônimo de imunidade. Peste, malária, tuberculose, raiva e lepra (ou hanseníase) são alguns desses casos mais famosos.
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Vale observar que as primeiras epidemias surgiram no período Neolítico, há cerca de 10 mil anos, quando os humanos começaram a domesticar animais, viver em acampamentos e conviver com possíveis patógenos selvagens para os quais não tinham imunidade. Desde então, esses fatores de risco apenas têm se intensificado.
Na história da humanidade, o único exemplo bem-sucedido de doença “extinta” por ação humana foi a varíola, causada pelo vírus da varíola humana. Tal feito somente foi possível após uma grande campanha de vacinação internacional, mas, antes desses resultados, a doença chegou a causar 300 milhões de mortes no mundo no século XX.
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1. Peste
Mais recente no imaginário popular, a peste negra causou a morte de 75 e 200 milhões de pessoas na Europa, durante o século 19. Nestes casos, a bactéria Yersinia pestis era transmitida a partir de pulgas em ratos, ocasionando um dos três tipos de pestes conhecidas, a peste bubônica. Entretanto, gotículas aerógenas também podem desencadear uma forma da doença que recebe o nome de peste pneumônica.
Embora esta tenha sido uma das maiores pandemias da história da humanidade, a peste causou a morte em massa em outros períodos, como Praga de Justiniano, nos anos 500 d.C, na região do mediterrâneo.
Não existem vacinas contra a peste e o patógeno pode ser usado até como arma biológica, mas existem tratamentos eficazes envolvendo antibióticos. Para serem efetivos, é necessária a administração precoce dos medicamentos, o que nem sempre ocorre. Segundo a OMS, República Democrática do Congo, Madagascar e Peru são os três países que mais concentram mortes recentes pela condição.
2. Malária
Transmitido pela picada do mosquito do gênero Anopheles, o parasita do gênero Plasmodium causa a morte anual de mais de 600 mil pessoas no mundo, especialmente de crianças com menos de cinco anos, conforme estimativa da OMS.
Diferentes fontes de informação apontam para o fato de que a humanidade convive com a malária há mais de cinco mil anos e textos chineses de 270 a.C. chegam até a sugerir possíveis tratamentos.
Recentemente, a OMS aprovou a primeira vacina contra a doença, conhecida como RTS,S. Isso nos aproxima de um possível plano de erradicação da doença. Também existem tratamentos disponíveis para aqueles já infectados, com base nos antimaláricos, mas a falta de acesso ainda é um desafio.
3. Tuberculose
Causada pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis), a tuberculose é uma infecção que afeta principalmente os pulmões. O material genético do patógeno já foi encontrado em restos mortais humanos na Alemanha, com mais de oito mil anos, e a doença chegou a ser descrita por Hipócrates, na Grécia antiga, por volta de 400 a.C.
Desde os anos 1970, a OMS e o Brasil adotam a imunização contra formas graves da doença, através da vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin). Hoje, também existem tratamentos com base em antibióticos, mas cerca de um milhão de pessoas ainda morrem devido à tuberculose todos os anos. O surgimento de cepas resistentes aos antibióticos também é uma preocupação crescente para a medicina.
4. Raiva
A principal forma de transmissão da raiva, doença causada por um vírus do gênero Lyssavirus, é a mordida de animais infectados, como cães. Também pode ser passada pelo contato com morcegos infectados. Os primeiros relatos conhecidos datam 2100 a.C. e provêm de uma cidade-estado na antiga Suméria, conhecida como Ur.
De lá para cá, muita coisa mudou. Na verdade, a primeira vacina antirrábica para humanos foi desenvolvida em 1885 pelo cientista francês Louis Pasteur. Hoje, ainda é uma forma eficaz de prevenção e de profilaxia contra a doença. No entanto, a raiva continua a ser mortal em muitos casos, quando causa uma série de alterações no sistema nervoso. Quase 60 mil pessoas morrem em consequência da infecção, como aponta a OMS.
5. Lepra
Descrita na bíblia, a lepra, também conhecida como hanseníase, é uma infecção provocada pela bactéria Mycobacterium leprae, capaz de causar a perda de membros, como os dedos das mãos e dos pés, além da fraqueza muscular. A condição também aparece em papiros da época de Ramsés II, no Egito, sugerindo que a enfermidade existia há mais de quatro mil anos.
Por muito tempo, os pacientes com hanseníase, descritos como leprosos, foram isolados em colônias afastadas pela crença da condição ser facilmente transmitida. De modo muito diferente do que foi no passado, há uma cura conhecida para a lepra, o que pode ser efeito com o uso de uma combinação de antibióticos. Entretanto, são cerca de 200 mil novos casos todos os anos, segundo a OMS, e mortes associadas ainda são comuns no mundo moderno.
Doenças ainda mais antigas
Estudos recentes, como uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), revelaram que alguns vírus, como adenovírus, herpesvírus e papilomavírus humano (HPV), infectam espécies de hominídeos há cerca de 50 mil anos. É o que apontam ossadas de neandertais encontradas na Sibéria, após análise do material genético.
Como ainda “assombram” os humanos, isso apenas demonstra como esses patógenos aprenderam a evoluir de forma paralela à nossa espécie e aos nossos parentes próximos. Por exemplo, ainda hoje o HPV é uma importante causa de câncer, que cada vez mais tem sido combatido com vacinas. Entretanto, a batalha final está bem longe.
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