A temperatura média do planeta está cada vez mais alta, enquanto as nações têm dificuldade em elaborar planos conjuntos para barrar o aquecimento global. Buscando novas alternativas, cientistas do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETHZ), na Suíça, investigam o uso de pó de diamante sintético, algo capaz de resfriar a Terra e impedir a intensificação de eventos climáticos extremos e catástrofes ambientais.
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Longe de ter um prazo para ser implementada, a proposta de usar pó de diamante e o disparar na estratosfera (segunda camada da atmosfera) está no campo das especulações e da geoengenharia. Esta é uma área que planeja intervenções, em grande escala, no clima do planeta, como refletir a radiação solar através de milhões de partículas dessa pedra tão brilhante. Outras possibilidades envolvem a captura dos gases do efeito estufa, por exemplo.
O estudo publicado na revista Geophysical Research Letters foi baseado nos resultados de um novo modelo climático, que analisou uma lista de diferentes materiais possíveis para a criação do escudo refletor dos raios solares. Entretanto, há dois grandes dilemas para a sua implementação: os custos bilionários e as incertezas da efetividade.
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Triturando diamantes para salvar a Terra
Os diamantes são raros e muito valiosos, então a proposta só poderia ser planejada a partir dos sintéticos. Diferentes tecnologias são avaliadas para produzir semelhantes em larga escala. Em laboratório, alguns experimentos já conseguem gerar a “pedra” em cerca de 15 minutos. Entretanto, mesmo com essas técnicas, o valor total da produção é muito elevado.
Por ano, seria preciso enviar para a estratosfera cerca de 5 milhões de toneladas. Segundo artigo da revista Science, se o projeto fosse mantido de 2035 a 2100, o custo seria superior a US$ 175 trilhões (986,5 trilhões de reais). A soma do projeto é maior do que o dinheiro já acumulado por qualquer magnata da tecnologia — ainda não temos trilionários no mundo, nem mesmo Elon Musk chegou a este patamar.
Aposta inspirada nos vulcões
A ideia de usar compostos para resfriar o planeta é inspirada pelo o que pode ocorrer após grandes erupções, como a erupção do Monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991. Com a atividade de vulcanismo, uma grande quantidade de dióxido de enxofre foi liberado, reagiu e se transformou em aerossois de sulfato (partículas suspensas que refletem a luz solar de volta ao espaço). Isso resfriou a Terra em cerca de 0,5 ºC, por vários anos.
Na maioria das vezes, a ideia é lançar novamente o enxofre e esperar o resfriamento, mas esta é uma proposta muito arriscada. Afinal, as injeções de enxofre podem contribuir com a formação de chuvas ácidas, destruir a camada de ozônio e, de forma indesejada, contribuir com o aquecimento da atmosfera.
Neste cenário, o novo modelo climático simulou os efeitos de sete candidatos, sendo que o pó de diamante demonstrou ser o mais promissor. A previsão é de que, se o projeto for bem-sucedido, poderia reduzir as temperaturas globais em 1,6 °C, algo alinhado com as metas do Acordo de Paris.
Segundo a pesquisa, o diamante é o melhor dos materiais quando se analisa o potencial de refletir a radiação solar, como um grande escudo brilhante. Outro benefício é que essa camada seria quimicamente inerte, mas ainda faltam inúmeros testes antes que algo do tipo seja avaliado na prática.
Hoje, muitos cientistas e países são céticos sobre esses experimentos no campo da geoengenharia, alegando que os riscos são maiores que os potenciais benefícios.
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