Não existe um tratamento 100% eficaz para pacientes com lesões graves da medula espinhal, mas essa realidade pode mudar no futuro. É a aposta de um time de pesquisadores da Universidade Griffith, na Austrália, que testa em humanos um novo tratamento com células nervosas ligadas ao olfato (neurônios receptores olfativos) alocadas na região da coluna.

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Os testes com a nova terapia envolvendo as células nervosas sensoriais responsáveis pelo olfato foram bem-sucedidos em modelos animais e, agora, a pesquisa avança para a primeira fase do ensaio clínico. Neste momento, até 12 pacientes australianos com lesões crônicas da medula espinhal podem contribuir com a pesquisa. Ainda em desenvolvimento, o experimento busca avaliar a segurança da aplicação.

“É incrível que agora estejamos prestes a desenvolver um tratamento que poderá nos permitir reparar os danos à medula espinhal e recuperar a função”, afirma James St John, professor da universidade e responsável pela pesquisa, em nota.


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Por que células nervosas do nariz?

O problema em tratar as lesões na coluna está no fato de que algumas células do sistema nervoso central não se regeneram e nem há o “nascimento” de novas em adultos. Por outro lado, as células nervosas olfativas são uma exceção, já que há um processo natural de renovação. Esta é uma adaptação evolutiva que protege o sistema respiratório contra invasores, como vírus e bactérias.

Novo tratamento para pacientes com lesão na medula espinhal reconstroi nervos da coluna a partir de células do nariz (Imagem:Kiraliffe/Envato Elements)

A renovação constante dessas células do nariz está ligada às células-tronco e, consequentemente, permite a reconstrução dos nervos danificados. Além disso, a capacidade de se conectar ao sistema nervoso central, transmitindo mensagens de aromas ao cérebro, as torna uma candidata promissora contra as lesões na coluna. A ideia é fazer o mesmo, mas em outra área do corpo.

Novo tratamento para lesões na coluna

O potencial tratamento é feito com as células nervosas coletadas do revestimento interno do próprio nariz do paciente. Em seguida, são purificadas. Após o tratamento, são estruturadas em uma espécie de “ponte” de 1 a 2 cm para fechar os “buracos”, sem células nervosas, na medula espinhal. 

Estas falhas na medula podem ter sido causadas por diferentes problemas de saúde, como o impacto de uma batida de carro e, como regra, não se regeneram sozinhos. 

O uso dessas células olfativas para o tratamento começou ainda em 2002, com alguns testes em humanos. No entanto, a abordagem foi modificada. Assim, a equipe espera obter melhores resultados com o novo estudo clínico em andamento.

Se o estudo sair conforme o planejado e técnica for validada por agências reguladoras de saúde, nos próximos anos, pacientes com lesões na medula espinhal, como paraplégicos, poderão recuperar parcialmente ou mesmo totalmente os movimentos perdidos.

Outras terapias inovadoras são testadas para recuperar pacientes após lesões na medula, como uma potencial injeção de gel que faz roedores com paralisia voltarem a andar. Também são promissores os testes envolvendo novas terapias genéticas. Os chips cerebrais, como o dispositivo da Neuralink, são outra estratégia para melhorar a qualidade de vida destes pacientes, mas não buscam curar o quadro.

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