Na Austrália, paleontólogos encontraram um fóssil extremamente preservado de uma nova espécie de mosca-serra, a Baladi warru, que tem entre 11 e 16 milhões de anos. Apesar do nome, o achado do período Mioceno não é exatamente uma mosca, já que é um antepassado muito antigo da ordem Hymenoptera, que abriga as vespas, as abelhas e as formigas.

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Tanto é que, na língua dos povos locais de onde o fóssil foi identificado, “warru” significa vespa. Enquanto isso, a palavra “baladi” pode ser traduzida como serra. O achado inédito foi detalhado em estudo recém-publicado na revista Systematic Entomology

Entretanto, a nova espécie (já extinta) tem algumas diferenças marcantes em relação às vespas atuais. Por exemplo, não há a cintura típica (mais afinada) da vespa tão destacada entre o tórax e o abdómen, sendo uma massa quase contínua. Curiosamente, as larvas devem ser semelhantes a lagartas.


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“Vespa” com 16 milhões de anos

“Quando examinamos o fóssil, identificamos grãos de pólen na cabeça da mosca-serra, o que revelou que ela havia visitado uma planta [do gênero] Quintinia“, explica Juanita Rodriguez, pesquisadora da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), em nota.

Fóssil de 16 milhões de anos na Austrália ajuda a explicar a evolução dos insetos, incluindo vespas (Imagem: Alex Boersma/CSIRO)

Segundo os pesquisadores, as moscas-serra possuem ovopositores (órgão usado para depositar ovos) em formato de serra — esta é a explicação para  a segunda parte do nome baseado na cultura dos povos locais. 

“Embora esta espécie em particular, Baladi warru, esteja extinta há milhões de anos, ela fornece informações sobre polinizadores nativos para que possamos entender sua evolução e impacto no presente”, destaca a pesquisadora.

Antepassados que viveram em Gondwana 

Embora o fóssil seja do período Mioceno, os pesquisadores defendem que esse grupo de insetos surgiu durante o Cretáceo, há cerca de 100 milhões de anos. Desta forma, os espécimes mais antigos teriam vivido no supercontinente do sul Gondwana. “Quando esse supercontinente se dividiu, as moscas-serra acabaram se distribuindo entre a Austrália e a América do Sul”, afirma a pesquisadora. 

Inclusive, essa divisão do grande continente ajuda a explicar a dispersão dos possíveis descendentes ou primos do fóssil. A principal hipótese é que eles correspondam à família Pergidae, com cerca de 440 espécies. 

Desse total, mais de 270 estão nas Américas (a maioria na América do Sul) e aproximadamente 165 na região conhecida como Australásia (Austrália, Nova Zelândia, Nova Guiné e algumas ilhas próximas).

Fósseis primos da nova espécie descoberta na Austrália foram achados no Brasil (Imagem: Mendes et al., 2015/Revista de Geologia)

O curioso é que, segundo os autores, apenas dois representantes fósseis deste grupo eram conhecidos, as espécies Fonsecadalia perfectus e Fonsecadalia propinquus. Ambos os fósseis foram encontrados no estado de Minas Gerais, no Brasil. Esta pesquisa nacional foi liderada por membros da Universidade Federal do Ceará (UFC) e publicada na Revista de Geologia.

Todos esses achados ajudam a confirmar o impacto da divisão do continente (por causa do movimento das placas tectônicas) na evolução desses antepassados das vespas e de outros insetos.

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