O ator Nicolas Cage aproveitou seu discurso durante o 25º Festival de Cinema de Newport Beach para aconselhar os jovens atores a ficarem longe da inteligência artificial.

No evento, que aconteceu domingo (20), ele pediu aos novos talentos que não cedam à pressão dos empregadores que usam inteligência artificial para mudar ou manipular suas apresentações.

“Há uma nova tecnologia. É uma tecnologia com a qual não tive que lidar por 42 anos até recentemente. Mas essa geração certamente terá que lidar com isso que estão chamando de EBDR. Essa tecnologia quer pegar seu instrumento [de trabalho]. Mas nós somos os instrumentos como atores de cinema”, declarou.


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A Réplica Digital Baseada em Emprego, ou EBDR na sigla em inglês, é uma das duas réplicas digitais permitidas. Esse tipo de IA generativa é criada por meio da participação física do artista em um projeto específico e permite a posterior alteração das cenas ao usar as imagens captadas. Segundo Cage: 

“Os estúdios querem isso para que possam mudar seu rosto depois que você já tiver filmado — eles podem mudar seu rosto, podem mudar sua voz, podem mudar suas falas, podem mudar sua linguagem corporal, podem mudar sua performance.”

Como exemplo, o astro de ação disse que sua aparição especial em The Flash, de 2023, foi um exemplo de EBDR. Cage continuou, dizendo que, para ele, a performance cinematográfica é um processo muito artesanal e orgânico. “É do coração, é da imaginação, é de pensamentos e detalhes. É pensamento, aprimoramento e preparação”, disse.

A fala aconteceu antes de ele receber o prêmio Icon Award, em um evento que também contou com homenageados como June Squibb, Marianne Jean-Baptiste, Sheryl Lee Ralph e Colman Domingo. 

Liberdade artística e IA

A decisão que culminou na permissão do uso de IA foi tomada em 2023, após as greves em Hollywood, em um acordo firmado entre a SAG-AFTRA (sindicato estadunidense dos atores e personalidades midiáticas) e a Alliance of Motion Pictures and Television Producers (associação comercial que negocia contratos de trabalho.)

Anteriormente, o ator já havia manifestado preocupação em relação ao uso da IA. em uma entrevista ao The New Yorker em julho, ele questionou sobre a liberdade dos artistas. “Ela vai ser substituída? Ela vai ser transfigurada? Onde estará o batimento cardíaco? Quero dizer, o que você vai fazer com meu corpo e meu rosto quando eu estiver morto? Eu não quero que você faça nada com isso!”, concluiu na ocasião.

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