Mais um dos mistérios envolvendo a construção das pirâmides no Egito pode ter sido solucionado graças a uma descoberta geográfica em Gizé — cientistas descobriram um antigo braço do Rio Nilo, hoje seco, que fluía próximo das grandes pirâmides e era largo o suficiente para o transporte de materiais e trabalhadores usados em sua construção. Com centenas de metros de largura, essas vias fluviais só puderam ser vistas com monitoramento via satélite.
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Pesquisadores apontam que a concentração de pirâmides ao longo da margem oeste das planícies que se alagam com o Nilo indicam que a região já foi uma grande via fluvial capaz de dar suporte a grandes projetos de construção. A questão seria encontrar o local que abrigava o rio. A mudança de curso é natural para esses corpos d’água, mas como as pirâmides foram feitas há milhares de anos, relatos da época não bastavam para localizar o antigo fluxo do Nilo.
O rio Nilo e as pirâmides
Para fazer a descoberta, a equipe teve de ir alto, muito alto: ao espaço. Radares montados em satélites analisaram o vale do Nilo com ondas capazes de penetrar o solo, trazendo imagens indetectáveis aos olhos humanos e aparelhos instalados no chão. Abaixo da superfície, foi possível notar o leito de um rio que serpenteia pelo deserto e pelas terras cultivadas por cerca de 100 quilômetros.
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How the Nile has changed its course over the past 5,000 years (in relation to Old and Middle Kingdom pyramid sites) up to about 500 years before 1950 of the 20th century CE (about 73 years ago). 1950 is when radio-carbon dating first began. pic.twitter.com/ShcrlxjfKD
— phage (@clubmoss_) November 29, 2023
Em algumas regiões, a largura do rio também era surpreendente, com até 0,5 km (500 metros), equivalente à medida do curso atual do rio. Não era um braço qualquer do Nilo — era seu braço principal. O extinto fluxo ia da cidade de Fayum até Gizé, passando por 36 sítios de pirâmides diferentes, ganhando o nome de Braço de Ahramat (que significa, em árabe, língua oficial atual do Egito, “Braço das Pirâmides”) dos pesquisadores.
O plano, em seguida, é analisar amostras de solo retiradas do leito seco para descobrir se a via era ativa durante o Império Médio e o Império Antigo (3.700 a 4.700 anos atrás), período em que as pirâmides foram construídas.
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Até lá, os cientistas não podem tirar conclusões definitivas sobre o rio, mas já há muitas evidências de seu uso no projeto. A maioria das pirâmides, por exemplo, tinha uma estrada que acabava no que se chama hoje de Vale do Templo, uma espécie de cais ou porto antigo. A maioria desses vales fica exatamente no banco do braço seco encontrado na pesquisa, como contou a autora do estudo, Eman Ghoneim, ao site IFLScience.
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O achado também poderá ajudar outros arqueólogos a encontrar locais perdidos do Egito Antigo, já que, à medida que o fluxo do Nilo mudava, as cidades e assentamentos também acabavam abandonados. Desaparecendo em ruínas e sob as dunas, não há como saber onde ficam localizados, mas o conhecimento sobre o antigo leito do principal rio da região pode ajudar nessa descoberta.
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