Linus Torvalds (imagem: TED/Flickr)
Linus Torvalds (imagem: TED/Flickr)

Embora o conceito de inteligência artificial (IA) exista há décadas, o assunto está em alta nos últimos meses. Mas não é todo mundo que se empolga com a ideia. Quando questionado sobre o assunto em entrevista recente, Linus Torvalds, o “pai do Linux”, disse que 90% do que existe de IA hoje é marketing.

A declaração foi dada ao canal TFiR do YouTube. Não é de se estranhar que o assunto tenha chegado a Torvalds, afinal, a Microsoft vem promovendo esforços em prol da IA no Windows 11 e a Apple vem apostando nas tecnologias da Apple Intelligence. Nada mais natural surgirem dúvidas sobre como o Linux se posiciona nessa história.

Na verdade, não cabe a Torvalds se posicionar a respeito, afinal, o Linux em si é um kernel. Recursos de IA devem ser implementados por desenvolvedores de aplicativos ou, ainda, pelas distribuições Linux.

Mas Torvalds deu a sua opinião sobre o assunto como um todo. E, ao contrário do que possa parecer, ele não se posiciona contra a inteligência artificial. Torvalds acredita que a IA será transformadora. O problema, em seu ponto de vista, é o atual hype da indústria em torno do assunto:

Eu acredito que a IA é realmente interessante e acho que ela vai mudar o mundo. E, ao mesmo tempo, odeio tanto esse hype que eu realmente não quero seguir por esse caminho.

Então, minha abordagem atual para a IA é, basicamente, ignorá-la, pois acho que toda a indústria de tecnologia ao redor da IA está em uma posição muito ruim. É 90% marketing e 10% realidade.

Em cinco anos as coisas vão mudar. E, nesse ponto, veremos a IA sendo usada todas os dias para cargas de trabalho reais em vez de apenas [coisas como o] ChatGPT, que faz grandes demonstrações e está, obviamente, sendo usada em muitas áreas, como design gráfico, mas eu realmente odeio esse ciclo de hype.

Linus Torvalds

A declaração de Torvalds sobre o hype de inteligência artificial surge a partir do minuto 38 do vídeo:

IA ainda empolga pouco

Com possíveis exceção para ferramentas de IA generativa, como ChatGPT e Google Gemini, todo esse movimento em torno do assunto parece ser pouco ou nada empolgante para os usuário, de fato.

Vide o exemplo dos PCs. Um relatório divulgado pelo IDC em setembro aponta que os consumidores até estão comprando PCs com Windows 11, mas não por causa da IA. Pudera: os recursos de inteligência artificial do sistema operacional são interessantes, mas não a ponto de serem impactantes para o dia a dia da maioria das pessoas.

Em linhas gerais, a impressão é a de que a IA que a indústria promove atualmente ainda não mostrou a que veio.

Linus Torvalds diz que onda de inteligência artificial é 90% marketing