Quem convive com pessoas mais idosas com certeza já ouviu a frase: “o tempo passa cada vez mais rápido”. A percepção do tempo ganhando velocidade é generalizada: quanto mais velhos, mais parece que os anos passam em rápida sucessão. Mas o que gera essa sensação nos humanos?
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- O idioma que você fala interfere na sua percepção do tempo
- Cada pessoa tem uma percepção diferente do tempo
Há algumas teorias, que vão da física à psicologia, e, embora uma resposta definitiva e certeira não exista, há vários aspectos que ajudam a explicar, pelo menos, a mudança de percepção do tempo na mente humana. Um deles, por exemplo, está relacionado à absorção de informações pelo nosso cérebro.
A passagem do tempo para os humanos
Em 1960, o psicólogo Robert Ornstein fez uma série de experimentos, mostrando que a percepção da passagem de tempo para os humanos é moldada pela quantidade de informações que a mente processa. Ele mostrou alguns diagramas a voluntários, tratando dos mais variados assuntos, e então pediu que eles estimassem quanto tempo passou mostrando cada diagrama.
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A questão é que todos os diagramas foram mostrados pela mesma quantidade de tempo — os mais interessantes pareceram ter ficado à mostra por mais tempo, enquanto os menos interessantes, por menos. Em outra ocasião, cada pessoa ouvia a áudios com diferentes quantidades de informação: alguns com poucos sons de batidas, outros, com vários, junto a sons de portas abrindo, por exemplo.
Segundo os voluntários, os áudios com mais informação pareceram durar mais, mas, novamente, todos tinham a mesma duração. O que isso quer dizer? Bem, a teoria é que ficamos mais familiarizados com o ambiente em que vivemos, parando de notar detalhes em nossa casa, local de trabalho, cidade, esquecendo de sua presença.
Para as crianças, no entanto, tudo é novo e interessante, então há muito em que prestar atenção. Quando estamos concentrados em alguma atividade ou evento, o tempo parece passar mais devagar.
Por outro lado, há a “teoria proporcional”, argumentando que a percepção humana dos eventos muda com a idade. Começamos a ter mais memórias e pontos de referência — quando jovens, nos acostumamos a saber intuitivamente quanto dura um minuto, uma hora, uma semana, e, quando mais velhos, temos uma vida inteira como referencial.
O estado emocional também tem seu papel, distorcendo nossas percepções: pessoas acima dos 60 anos relatam sentir que os dias passam devagar, mas o ano passa muito rápido, com o Natal chegando cada vez mais cedo, por exemplo.
Por fim, há uma teoria discutida em um artigo de 2019 que trata da rapidez de processamento de imagens pelo cérebro. Segundo a hipótese, quando jovens, processamos imagens muito rapidamente, mas, quando envelhecemos, os nervos e neurônios ficam mais complexos, levando mais tempo para que os sinais façam sua conexão e, mais tarde, sejam processados.
Seria por isso, então, que os dias parecem mais longos na juventude, já que a mente recebe mais imagens do que a mesma mente numa idade mais avançada. Isso desmentiria a sensação de que as experiências na infância seriam mais profundas e significativas — elas só teriam sido processadas mais rápido.
De qualquer forma, as teorias sugerem que nossa percepção do tempo é alterada pela quantidade de experiências novas e interessantes que temos ao longo da vida. É melhor ter o máximo que puder, enquanto podemos.
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