Quem convive com pessoas mais idosas com certeza já ouviu a frase: “o tempo passa cada vez mais rápido”. A percepção do tempo ganhando velocidade é generalizada: quanto mais velhos, mais parece que os anos passam em rápida sucessão. Mas o que gera essa sensação nos humanos?

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  • Cada pessoa tem uma percepção diferente do tempo

Há algumas teorias, que vão da física à psicologia, e, embora uma resposta definitiva e certeira não exista, há vários aspectos que ajudam a explicar, pelo menos, a mudança de percepção do tempo na mente humana. Um deles, por exemplo, está relacionado à absorção de informações pelo nosso cérebro.

A passagem do tempo para os humanos

Em 1960, o psicólogo Robert Ornstein fez uma série de experimentos, mostrando que a percepção da passagem de tempo para os humanos é moldada pela quantidade de informações que a mente processa. Ele mostrou alguns diagramas a voluntários, tratando dos mais variados assuntos, e então pediu que eles estimassem quanto tempo passou mostrando cada diagrama.


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Para os humanos, a passagem de tempo parece ficar mais rápida quando envelhecemos — porque isso acontece? (Imagem: Mat Brown/Pexels)
Para os humanos, a passagem de tempo parece ficar mais rápida quando envelhecemos — porque isso acontece? (Imagem: Mat Brown/Pexels)

A questão é que todos os diagramas foram mostrados pela mesma quantidade de tempo — os mais interessantes pareceram ter ficado à mostra por mais tempo, enquanto os menos interessantes, por menos. Em outra ocasião, cada pessoa ouvia a áudios com diferentes quantidades de informação: alguns com poucos sons de batidas, outros, com vários, junto a sons de portas abrindo, por exemplo.

Segundo os voluntários, os áudios com mais informação pareceram durar mais, mas, novamente, todos tinham a mesma duração. O que isso quer dizer? Bem, a teoria é que ficamos mais familiarizados com o ambiente em que vivemos, parando de notar detalhes em nossa casa, local de trabalho, cidade, esquecendo de sua presença.

Para as crianças, no entanto, tudo é novo e interessante, então há muito em que prestar atenção. Quando estamos concentrados em alguma atividade ou evento, o tempo parece passar mais devagar.

Crianças estão interessadas em tudo ao ser redor, e essa concentração em diversos elementos do ambiente pode levar à sensação de que o tempo passa mais devagar (Imagem: Freepik)
Crianças estão interessadas em tudo ao ser redor, e essa concentração em diversos elementos do ambiente pode levar à sensação de que o tempo passa mais devagar (Imagem: Freepik)

Por outro lado, há a “teoria proporcional”, argumentando que a percepção humana dos eventos muda com a idade. Começamos a ter mais memórias e pontos de referência — quando jovens, nos acostumamos a saber intuitivamente quanto dura um minuto, uma hora, uma semana, e, quando mais velhos, temos uma vida inteira como referencial.

O estado emocional também tem seu papel, distorcendo nossas percepções: pessoas acima dos 60 anos relatam sentir que os dias passam devagar, mas o ano passa muito rápido, com o Natal chegando cada vez mais cedo, por exemplo.

Por fim, há uma teoria discutida em um artigo de 2019 que trata da rapidez de processamento de imagens pelo cérebro. Segundo a hipótese, quando jovens, processamos imagens muito rapidamente, mas, quando envelhecemos, os nervos e neurônios ficam mais complexos, levando mais tempo para que os sinais façam sua conexão e, mais tarde, sejam processados.

Para os idosos, a percepção de tempo muda: os anos parecem passar rápido, mas os dias, mais devagar (Imagem: Pexels/Andrea Piacquadio)
Para os idosos, a percepção de tempo muda: os anos parecem passar rápido, mas os dias, mais devagar (Imagem: Pexels/Andrea Piacquadio)

Seria por isso, então, que os dias parecem mais longos na juventude, já que a mente recebe mais imagens do que a mesma mente numa idade mais avançada. Isso desmentiria a sensação de que as experiências na infância seriam mais profundas e significativas — elas só teriam sido processadas mais rápido.

De qualquer forma, as teorias sugerem que nossa percepção do tempo é alterada pela quantidade de experiências novas e interessantes que temos ao longo da vida. É melhor ter o máximo que puder, enquanto podemos.

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