Como Água Para Chocolate, nova adaptação do clássico escrito por Laura Esquivel em 1989, chega neste domingo (3) à HBO e à Max. Série mexicana de seis episódios com produção executiva de Salma Hayek (Frida), o show é a segunda adaptação do romance, transformado em 1992 pelas mãos do diretor Alfonso Arau em um filme mundialmente premiado.
Uma das mais importantes obras literárias da história do México, o título se passa no início do século XX, à beira da Revolução, quando os jovens Tita de la Garza (Azul Guaita) e Pedro Múzquiz (Andrés Baida) se conhecem e se apaixonam perdidamente.
Embora destinados um ao outro, o casal é impedido de ficar junto devido às tradições da época e Pedro acaba se casando com Rosaura (Ana Valeria Becerril), irmã mais velha de Tita, apenas para ficar mais perto de sua amada.
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Uma história sobre o amor e o poder da culinária
É a partir dessa história de amor trágica, mas revolucionária, que a série mergulha em um mundo de realismo mágico, em que outras tramas e personagens complexos ganham destaque entrelaçados pelo poder da culinária.
Tita, que foi criada na cozinha por Nacha (Ángeles Cruz), a cozinheira do rancho em que mora, tem um dom mágico para preparar pratos, o que a leva a transmitir todas as suas emoções através da comida.
O espaço da cozinha, inclusive, é praticamente um personagem da história, já que além de servir como um lugar de resistência para as mulheres, mostra também o que acontecia dentro das casas em meio ao conflito armado.
“[Essa é uma história] sobre como nós mulheres sempre tivemos que lutar para poder ter uma voz, um controle sobre o nosso destino. As mulheres do México participaram da revolução porque – como podemos ver através dessa história – tiveram de defender suas casas, proteger e alimentar suas famílias”, contou Salma Hayek em coletiva de imprensa ocorrida na última terça-feira (29).
A conversa foi transmitida virtualmente para alguns veículos da América Latina e contou com a presença de todo o elenco feminino na Cidade do México, além da própria Salma em uma videochamada ao vivo de Nova York.
Protagonismo feminino é múltiplo e cheio de camadas
A importância das mulheres para o momento histórico e, claro para a série da Max, foi, inclusive, um dos principais tópicos da conversa com a imprensa. As atrizes chamaram a atenção para a complexidade de suas personagens, moldadas pelas estruturas embrutecidas da época, mas, em certa medida, também tocadas pelos valores de liberdade e ruptura que surgiam em todo o país.
Irene Azuela, que dá vida a Mamá Elena, a mãe que impede Tita de viver o seu amor, contou que muito da figura autoritária vista na personagem vem exatamente da necessidade de criar as filhas sozinha e impor respeito como chefe da fazenda. Uma personalidade ”amargada” ainda mais pelos segredos de seu passado.
“Mamá Elena quer passar às suas filhas as tradições não porque são as corretas, mas porque são as únicas que ela conhece”, explicou a atriz. “Ela é uma mulher que por ter sido amada e correspondida, e esse amor ter sido tirado de sua vida, tenta de alguma maneira impedir que suas filhas passem por isso”.
Assim como ela, outra personagem muitas vezes incompreendida pelo público e apontada até mesmo como vilã é Rosaura, irmã mais velha de Tita. Casada com Pedro porque esse era o papel que lhe havia sido imposto, a personagem é vista como a pedra no caminho do casal, embora ela mesmo sofra muito em toda a história.
“Todas essas mulheres são atravessadas por seu contexto, mas também estão vivendo a sua própria revolução”, refletiu Ana Valeria Becerril, intérprete da primogênita. “Rosaura também está buscando aceitação, carinho e ser uma boa filha, mas por ser a única coisa que conhece, está convencida de que seguir as tradições é a forma de conseguir tudo isso”.
Novo olhar sobre clássico mexicano
Com uma trama marcada por cenas icônicas e bastante sensuais, o show pretende dar o enfoque merecido a essas personagens, mostrando camadas que possuem, mas que são muitas vezes desconhecidas por quem não leu o livro.
“Eu acho que uma das grandes belezas de contar histórias em tantos episódios é exatamente entrar em detalhes, já que em duas horas isso não pode ser feito em um filme. Emergir nos personagens, nos motivos e nos porquês de suas decisões e comportamentos”, contou Irene durante a coletiva da produção
Salma, que contou estar orgulhosa de todos os aspectos da série, revelou ainda ter ficado especialmente tocada pelo envolvimento do elenco. E acreditar que, apesar de suas peculiaridades, essa é uma história para todo o mundo e não apenas para os mexicanos.
Segundo a produtora executiva, “assim como fazem os americanos”, é importante que histórias como essas sejam revisitadas de tempos em tempos pelo audiovisual, de maneira que cada geração traga um olhar diferente para a trama.
“Laura Esquivel criou um clássico, como os que escrevia Jane Austen. Então nunca vai passar de moda porque [um clássico] sempre irá falar sobre coisas que impactam a todos. O que é interessante são as interpretações das novas gerações a respeito dessa história”, finalizou.
O primeiro episódio de Como Água Para Chocolate chega neste domingo (3) à Max e à HBO. Ao todo serão seis episódios lançados um por semana.
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