Não é segredo que o nível de emissão de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, continua a aumentar, causando a elevação das temperaturas médias e impactando o derretimento das geleiras. Neste cenário, a geleira Thwaites, mais conhecida como a geleira do Juízo Final, está derretendo mais rápido do que o esperado. Um possível caminho para reverter os danos é a geoengenharia glacial e a instalação de cortinas de proteção na base dessa estrutura congelante, por exemplo.

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  • Emissões de carbono quebram recorde e fortalecem aquecimento global
  • Derretimento da “Geleira do Juízo Final” pode acontecer ainda mais rapidamente

No entanto, nada disso foi testado na prática e, até o momento, ninguém sabe os reais riscos de sua aplicação. Inclusive, o efeito pode ser completamente diferente daquele teorizado. Então, esta é uma corrida contra o tempo em busca da melhor solução.

Hoje, a geleira do Juízo Final já perde 50 bilhões de toneladas de gelo por ano. Com o mesmo tamanho do estado norte-americano da Flórida, o seu derretimento corresponde por 4% do aumento do nível atual do mar. Nos próximos anos, a tendência é que esses valores aumentem.


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Aposta na geoengenharia glacial

A geoengenharia (ou engenharia climática) é uma área conhecida por pensar soluções que interrompam ou mitiguem os efeitos do aquecimento global. A vertente mais conhecida é a geoengenharia solar, que consiste em técnicas para bloquear a radiação solar, evitando a elevação das temperaturas na Terra. Isso pode ser feito com a criação de um escudo de pó de diamante na atmosfera, por exemplo. 

Geoengenharia glacial é um dos caminhos para impedir o colapso da geleira do Juízo Final (Imagem: Pexels/Pixabay)

No caso do derretimento das geleiras na Antártica, como a geleira do Juízo Final, têm se teorizado algumas possibilidades no campo da geoengenharia glacial. Em outras palavras, cientistas de diferentes lugares do mundo buscam desenvolver técnicas para impedir ou mesmo reverter o fim das geleiras e, consequentemente, a elevação do nível do mar. Em um futuro distópico, essa elevação das águas poderá acabar com cidades costeiras e até cobrir pequenas ilhas no oceano Pacífico.

Para fortalecer esses estudos que buscam novas maneiras de preservar as geleiras, como a geleira Thwaites, um grupo internacional de pesquisadores divulgou um paper em que defende a necessidade de estudo da geoengenharia glacial. “Queremos dar às gerações futuras o máximo de conhecimento glaciológico possível, caso precisem”, afirma Douglas MacAyeal, professor de ciências geofísicas da Universidade de Chicago (EUA) e coautor do documento, em nota.

No presente momento, ninguém cogita colocar em prática as ideias já formuladas devido aos riscos incalculáveis. Além disso, essas técnicas são apenas parte da solução e não vão conseguir gerar resultados concretos, se as emissões de gases do efeito estufa continuarem tão elevadas.

“Levará de 15 a 30 anos para que entendamos o suficiente para recomendar ou descartar qualquer uma dessas intervenções [no campo da geoengenharia]”, reforça John Moore, professor do Centro Ártico da Universidade da Lapônia e coautor do paper. É  definitivamente uma medida para o futuro.

Como reverter o derretimento da geleira do Juízo Final?

Entre as possíveis soluções para impedir o derretimento da geleira do Juízo Final e de outras menores, está a ideia de instalar cortinas submarinas gigantes nos pontos de maior contato com as correntes quentes de água oceânica. Assim, a base estaria protegida, evitando a infiltração e o degelo.

O material dessas cortinas poderia ser de um tecido bastante resistente, por exemplo. Outra solução seria a instalação de canos perfurados, com o bombeamento constante de ar até a superfície, criando uma espécie de cortina de bolhas, capaz de evitar o choque de temperatura entre o gelo e a água mais quente.

Considerando a superfície dessas geleiras, um problema constante é a formação de riachos com a água derretida, o que acelera o derretimento de outras partes. Em alguns casos, esses fluxos de água chegam a formar pequenos lagos. Nesta situação, é válido pensar em estratégias de recongelamento. No entanto, esta ideia parece ser ainda mais difícil que a das cortinas em ser implementada.

Geleira do Juízo Final em risco

Realmente, é difícil de acreditar que, um dia, essas ideias poderão ser implementadas de forma segura, no mundo real. A aparente vantagem é que, mesmo sob risco de derretimento acelerado, o colapso da geleira do Juízo Final não deve ser imediato. Então, há algum tempo para estudar e implementar soluções, com maior assertividade.

Caso nada funcione e as emissões de carbono continuem elevadas até lá, o derretimento da geleira causará o degelo do Manto de Gelo da Antártida Ocidental (WAIS). Assim, o nível do mar poderá subir em aproximadamente 3 metros, o que será devastador para muitas regiões costeiras. 

Saiba mais:

A questão do derretimento da geleira do Juízo Final é apenas um dos problemas que se intensificam com as mudanças climáticas e com o aquecimento global. No continente, um dos efeitos mais preocupantes é a questão das ondas de calor e dos eventos extremos, que se tornam mais comuns conforme as temperaturas sobem. Isso pode impactar até a saúde do seu celular:

 

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