Titã, a maior lua de Saturno, pode abrigar uma camada de metano congelado com quase 10 km de espessura sob sua superfície. O mais interessante é que, ironicamente, a camada pode facilitar a detecção de sinais de vida no oceano sob a superfície de Titã, caso existam, beneficiando também os esforços contra as mudanças climáticas na Terra. 

  • Clique e siga o no WhatsApp
  • Luas do Sistema Solar: conheça as 10 luas mais estranhas da nossa vizinhança
  • A origem mitológica dos nomes de planetas e luas do Sistema Solar

Apesar de ser uma em meio às dezenas de luas de Saturno, Titã é mais parecida com a Terra do que qualquer outro planeta do Sistema Solar. É que ela é o único mundo em nosso sistema (além do nosso, claro) onde há uma atmosfera, rios líquidos, lagos e rios. Mas as semelhanças acabam aí: os líquidos por lá são feitos de hidrocarbonetos, como metano e etano.

Titã observada pelo telescópio James Webb (Imagem: Reprodução/NASA, ESA, CSA, A. Pagan (STScI), JWST Titan GTO Team)

E é o que os pesquisadores analisaram no novo estudo. Eles perceberam que a camada de metano congelado poderia existir graças à presença de crateras de impacto rasas em Titã: apenas 90 crateras foram observadas na superfície desta lua, e o mais estranho é que elas deveriam estar centenas de metros mais fundas do que estão.


Entre no Canal do WhatsApp do e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.

Em outras palavras, deveria haver algum processo deixando estas crateras mais rasas e fazendo com que desaparecessem rapidamente. Para investigar, os pesquisadores se voltaram para modelos computacionais, testando o quanto da superfície de Titã poderia se recuperar após o impacto de um asteroide caso sua camada gelada estivesse protegida por clatrato de metano. 

Este composto é formado por grandes quantidades de metano presos em meio à água em estrutura cristalina, criando um sólido parecido com o gelo. Depois, ao trabalhar com crateras parecidas em Ganimedes, lua de Júpiter, eles poderiam comparar as possíveis profundidades das crateras de impacto na lua de Saturno. 

Eles descobriram que o metano gasoso de Titã pode estar preso em sua camada congelada, formando uma estrutura com quase 9,6 km de espessura; este gás estaria aquecendo a parte inferior do gelo, ajudando as moléculas a irem para a superfície da lua. É possível que este seja o processo que explicaria a atmosfera de Titã, tão rica em metano, bem como a pouca profundidade das crateras. 

Esquema das camadas no interior de Titã (Imagem: Reprodução/Schurmeier, et al., 2024)

Ao aquecer o interior de Titã, o hidrato de metano causa um rápido relaxamento topográfico e consequentemente perda de profundidade nas crateras, em um processo parecido com aquele que ocorre nas geleiras na Terra. “Titã é um laboratório natural para estudar como o metano gasoso do efeito estufa aquece a atmosfera e se desloca por ela em ciclos”, acrescentou a autora. 

Na Terra, o clatrato de metano está presente no gelo da Sibéria e no fundo do mar do Ártico, mas está perdendo estabilidade e liberando o composto. “Portanto, as lições de Titã podem fornecer informações importantes sobre os processos que ocorrem na Terra”, finalizou ela. 

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista The Planetary Science Journal

Leia mais matérias no ItechNews .