Pesquisadores liderados por Donald Olson, astrônomo da Universidade do Texas, conseguiram descobrir o local exato representado na pintura Avenida dos Álamos no Pôr do Sol, de Vincent van Gogh. O mistério foi resolvido com a ajuda da astronomia, uma das ciências mais antigas.
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A inspiração para o novo trabalho veio do alinhamento do pôr do Sol em meio aos prédios de Nova York durante os solstícios, que é visível apenas em alguns momentos em ângulos e dias bem específicos. Como o pôr do Sol em Manhattan é bem parecido com aquele da tela, Olson percebeu que poderia realizar uma espécie de engenharia reversa para descobrir mais sobre a cena pintada.
“Se pudéssemos identificar a avenida nos mapas do século XIX, então poderíamos determinar a direção da estrada na bússola que aparece nas obras de arte. Em seguida, poderíamos usar cálculos astronômicos para determinar a data em que o disco do sol poente se alinhou como van Gogh o retratou”, explicou ele.
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Para isso, a equipe trabalhou com as cartas que o pintor enviou a Theo, seu irmão. Nelas, ele descreveu locais e condições climáticas que correspondiam àquelas do possível lugar de Avenida dos Álamos; ao analisá-las, os pesquisadores suspeitaram que a cena foi retratada em algum dia entre 5 e 14 de novembro de 1884. Ao inserir estes dados em um software planetário, eles concluíram que o Sol se pôs na direção sudoeste na direção da bússola de um objeto celeste entre 240º e 244º.
Na etapa seguinte, eles foram em busca do local da pintura Avenida dos Álamos no Outono, criada por van Gogh antes da do Pôr do Sol. Entretanto, eles descobriram que o local das duas pinturas é parecido, mas não era igual, e se voltaram novamente para os mapas. Após identificar três opções de possíveis locais, eles chegaram à estrada de Weverstraat, que passa pelo centro da cidade de Nuenen, na Holanda.
Aquela era a única via longa o suficiente para ser o local representado na pintura. Com mais cálculos astronômicos, a equipe verificou quando o Sol poderia ter sido visível de lá, e concluíram que a cena só poderia ter sido pintada no dia 13 ou 14 de novembro de 1884.
“Hoje”, acrescentou Olson, “ainda podemos olhar para o mesmo trecho da estrada onde van Gogh caminhou em uma tarde fria de outono e refletir sobre como o artista, em sua Holanda natal, já estava interessado em retratar os fenômenos do céu, quatro anos antes de começar a criar suas famosas noites estreladas no sul da França”, finalizou.
Esta não é a primeira vez em que cientistas se debruçam sobre as pinturas de Vincent van Gogh. Em fevereiro, foi publicado um estudo de pesquisadores da China e da França, que mostrou que a tela “Noite Estrelada” representa o céu noturno obedecendo as leis da física: os autores descobriram que os redemoinhos foram pintados conforme as leis dos fluxos de turbulência atmosférica.
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