Em guerras e disputas pelo poder, o limite do aceitável é muitas vezes ultrapassado, como usar o corpo de uma pessoa morta para contaminar uma fonte de água potável. É algo ainda mais grave se ela estivesse doente. Por mais impressionante que seja, uma equipe internacional de pesquisadores, incluindo membros da Universidade de Copenhague, pode ter descoberto exatamente isso ao analisar uma ossada de 800 anos encontrada em um poço na Noruega. Possivelmente, é a primeira evidência material da mais antiga “arma biológica” do mundo.

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O “homem do poço” foi identificado a partir do sequenciamento do DNA dos restos mortais e da datação por radiocarbono. Entretanto, não foi possível identificar nenhum patógeno (como bactérias ou vírus), o que reforçaria ainda mais a tese da arma biológica. Os resultados da análise foram publicados na revista iScience.

O curioso é que o achado confirma uma lenda nórdica muito antiga ligada ao rei Sverre Sigurdsson. A tradição conta que, em 1197 d.C., um corpo foi jogado em um poço no Castelo de Sverresborg (na região central da Noruega) durante um ataque militar, como forma de contaminar a água usada pelos habitantes. 


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Tudo não passava de uma lenda até o corpo do “homem do poço” ter sido identificado pouco mais de 800 anos depois. Isso nada mais é que uma forma de bioterrorismo, quando se analisa o caso por nossos conceitos atuais.

Encontrado na Noruega, cadáver do “homem do poço” é uma das evidências mais antigas de arma biológica da história (Imagem: Norwegian Institute for Cultural Heritage Research/CC BY-SA)

“Essa é a primeira vez que uma pessoa descrita nesses textos históricos é de fato encontrada”, comenta Michael D. Martin, pesquisador do museu da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia e autor do estudo, em nota. No futuro, outras lendas poderão ser devidamente confirmadas, se essas análises meticulosas se popularizarem.

O que são armas biológicas?

A definição de arma biológica é a disseminação de um agente infeccioso que causa doenças e que pode matar pessoas, animais ou mesmo plantas. Não se pensa que o “homem do poço” foi a primeira arma biológica da história, mas é, possivelmente, a primeira a ser reconhecida como tal centenas de anos depois. 

Segundo a Encyclopedia Britannica, “um dos primeiros casos de guerra biológica ocorreu em 1347 d.C., quando as forças mongóis teriam catapultado corpos infestados pela peste [bubônica] por cima das muralhas para o porto de Caffa [atual Crimeia], no Mar Negro”. Então, teoricamente, o “homem do poço” pode ser uma evidência ainda mais antiga.

Hoje, as armas biológicas continuam a ser um risco iminente, mas, quando usadas, são mais sutis. Como cartas e pacotes contaminados com o agente causador do antraz (esporos da bactéria Bacillus anthracis que desencadeiam uma infecção potencialmente mortal) que foram entregues nos EUA, nos ataques de 2001.

Lenda do “homem do poço” da Noruega

Voltando ao estudo norueguês, os ossos do “homem do poço” foram identificados em 1938, mas faltavam ferramentas para identificar quantos anos aqueles ossos tinham. Essa análise aprofundada somente foi possível com a nova equipe. 

Segundo os autores, o cadáver era de um homem que tinha entre 30 e 40 anos no momento da morte. O indivíduo tinha, provavelmente, olhos azuis e cabelos loiros ou castanhos claros.

Para fechar a hipótese de que o corpo tivesse sido usado como arma biológica, era importante que a equipe conseguisse encontrar material genético de bactérias ou de outros patógenos das amostras, o que não aconteceu. Após tantos anos, isso pode ter se perdido, considerando as condições de preservação dos ossos.

Saiba mais:

Nos dias atuais, as nações podem contar com um arsenal ainda maior de possíveis armas para atacar ou defender seu território. Isso inclui uma série de drones ou ainda uma nova geração de robôs letais:

 

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