Como forma de controlar os efeitos mais graves do aquecimento global, o Acordo de Paris busca limitar o aumento da temperatura média a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. De forma excepcional, este ano de 2024 rompe parcialmente com esta meta, já que a temperatura estimada nos nove primeiros meses é 1,54 °C superior, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). Entretanto, ainda é cedo para dizer que a iniciativa internacional fracassou.

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A atualização sobre o nível de aquecimento do planeta em relação ao período pré-industrial, que vai de 1850 a 1900, é parte do relatório Estado do Clima 2024. Desenvolvido pela OMM, o documento foi divulgado, nesta semana, durante a COP29, que acontece no Azerbaijão.

Vale observar que o aumento recorde das temperaturas já tinha sido destacado pelo relatório do Observatório Copernicus, do Programa Europeu de Observação da Terra. Ambos os pareceres apontam para a possibilidade de 2024 se tornar o ano mais quente da Terra na história recente.


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É o fim da meta do Acordo de Paris?

Como adiantamos, o ano de 2024 ter uma temperatura média 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais não é necessariamente sinônimo do fracasso do Acordo de Paris, como indica a OMM. A meta é baseada em uma média dos últimos anos, então, o limite ainda não foi oficialmente quebrado. Este ano pode ser uma anomalia, e o movimento nos próximos anos precisará ser analisado. 

Neste ano, temperatura média do globo ultrapassa limite e está 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais (Imagem: Divulgação/OMM)

“Como o aquecimento mensal e anual ultrapassa temporariamente 1,5 °C, é importante enfatizar que isso não significa que falhamos em cumprir a meta do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura média global da superfície a longo prazo bem abaixo de 2 °C acima dos níveis pré-industriais e prosseguir com os esforços para limitar o aquecimento a 1,5 °C”, defende Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, em nota.

No momento, o aquecimento a longo prazo medido ao longo das últimas décadas permanece abaixo de 1,5 °C, informa o relatório. Isso não significa que os próximos anos serão fáceis, e medidas abrangentes devem ser adotadas para controlar as emissões de gases do efeito estufa e brecar o avanço das mudanças climáticas. 

Aumento dos eventos climáticos extremos

A elevação da temperatura média do planeta tem diferentes impactos na vida das pessoas. Entre eles, está o aumento da intensidade e da frequência de eventos extremos, como chuvas extremas, longas ondas de calor e secas prolongadas. Por isso, 3 a cada 4 pessoas irão sofrer com clima extremo nos próximos 20 anos. 

“As chuvas e inundações recordes, os ciclones tropicais que se intensificam rapidamente, o calor mortal, a seca implacável e os incêndios florestais violentos que vimos em diferentes partes do mundo este ano são, infelizmente, nossa nova realidade e uma amostra do nosso futuro”, destaca a pesquisadora Saulo. Inclusive, a tragédia registrada no Rio Grande do Sul é um dos desdobramentos desta ameaça crescente.

“Precisamos urgentemente reduzir as emissões de gases de efeito estufa e fortalecer nosso monitoramento e compreensão das mudanças climáticas. Precisamos intensificar o apoio à adaptação às mudanças climáticas por meio de serviços de informação climática e Alertas Antecipados para Todos”, completa. Isso garantirá maior resiliência aos eventos extremos e salvará milhões de vidas.

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