Cientistas da Universidade do Sul da Dinamarca acompanharam um solitário golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) por alguns meses e perceberam que o animal estava “falando” sozinho, enquanto nadava no Mar Báltico. Diferentes hipóteses tentam justificar a emissão desses sons e vocalizações incomuns, como a possibilidade de ser um efeito da solidão. Algo bem próximo dos humanos que conversam sozinhos em voz alta.
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O golfinho que foi visto “falando” sozinho vive no sul da Ilha Funen, na Dinamarca, e recebeu o apelido de Delle pela comunidade local. Após os primeiros avistamentos, um time de biólogos passou a monitorar o indivíduo solitário, como indica o estudo publicado na revista Bioacoustics. Não há ninguém da mesma espécie da criatura errante próximo geograficamente.
“Esperávamos que ele produzisse poucos ou nenhum som comunicativo na ausência de possíveis receptores [incluindo outros golfinhos]. Contrariando as expectativas, descobrimos que o golfinho era altamente vocal”, afirmam os autores, em artigo. Foram milhares de sons diferentes captados entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023.
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Segundo a equipe, alguns dos 10,8 mil sons podem ter sido uma resposta a pessoas que nadavam próximas ao local habitado pelo golfinho, como praticantes de stand up paddle. No entanto, isso não explica a quantidade tão elevada de vocalizações, ainda mais quando se considera que algumas foram emitidas à noite, quando nenhum humano estava próximo.
Golfinho solitário fala sozinho?
Ao analisar as gravações do golfinho solitário que nada nas águas da Dinamarca, os cientistas observaram que grande parte das vocalizações estão associadas a formas de comunicação entre golfinhos. Se eles não soubessem que o animal estava sozinho, a interpretação apenas das gravações daria a impressão da existência de ao menos dois golfinhos “conversando”.
Sem um parceiro para falar, a equipe identificou três principais hipóteses para explicar a produção de vocalizações na ausência de outros indivíduos:
- Sons emitidos involuntariamente como sinais emocionais;
- Subproduto da necessidade inerente de interação social dos golfinhos, como se falasse sozinho por causa da solidão;
- Outras funções desconhecidas que vão além da comunicação direta.
“Vale a pena observar que a produção espontânea de sons comunicativos na ausência de um destinatário, conhecida como ‘conversa interna’, também é comum em seres humanos”, explica a equipe, traçando um paralelo entre as espécies que podem falar sem ter ninguém para ouvir.
“Há várias teorias que tentam explicar a função da conversa interna humana, mas elas se concentram mais nos efeitos do que nas origens evolutivas. De fato, a conversa interna pode ser simplesmente um subproduto de nossa necessidade intrínseca [enquanto humanos] de interação social, e o mesmo pode ser verdade para os golfinhos e outros animais sociais“, completa. Entretanto, mais análises ainda são necessárias.
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